No Instituto Federal de Jacarezinho, o aluno escolhe as matérias
Professores mudam a grade curricular e estudantes se tornam responsáveis por suas escolhas. Também estão mais próximos da comunidade
Educação|Do R7
Criados em 2008, os Institutos Federais de ensino têm como foco a formação técnica e tecnológica de seus alunos. Em Jacarezinho, no norte do Paraná, o IF tem uma proposta inovadora: os alunos são protagonistas, eles escolhem como vão organizar a grade curricular de acordo com seu interesse.
O processo de mudança na grade curricular começou em 2015, quando os professores perceberam que os alunos estavam sob forte stress. “O corpo docente é altamente qualificado, professores com título de mestrado e doutorado, o nível de exigência era muito alto, com trabalhos de conclusão de curso no nível de iniciação científica de graduação”, avalia o professor David José de Andrade Silva, um dos responsáveis pela transformação curricular do Instituto. “Buscamos outras formas de pensar a educação.”
No Instituto, o ensino médio é integrado ao técnico. Os estudantes devem cursar as matérias exigidas pela legislação, mas no novo currículo, eles têm autonomia para escolher quando cursar. Esse processo não é solto, um professor tutor acompanha as escolhas e orienta seu aluno.
“O estudante monta o cronograma de estudos, o que significa que ao final do curso, cada um terá um histórico próprio”, explica. “A individualidade de cada um é respeitada e, ao mesmo tempo, não está desconectada da coletividade, uma vez que cursa matérias com um grupo que tem o mesmo interesse.”
Na prática, há projetos de extensão em que os estudantes levam para a comunidade benefícios dos seus estudos e pesquisas. Eles desenvolveram um software para mapeamento de problemas urbanos como os focos de dengue na região, por exemplo.
Ações para a comunidade também são desenvolvidas e apoiadas pelo Grêmio Estudantil, como o Balaio Cultural, uma espécie de sarau com oficinas e apresentações culturais de estudantes, professores e da própria comunidade.
“O aluno que antes passava 5 horas sentado, agora participa da comunidade, também é mais estimulado a pensar, refletir e precisa ter foco para montar estratégias para cumprir a meta de carga horária”, explica.
Nesse novo modelo, os professores também precisam explorar sua criatividade para que os alunos tenham interesse em participar das aulas. Como a organização é feita por áreas, os professores de exatas, por exemplo, precisam manter um diálogo constante e fazer um planejamento coletivo.
O acompanhamento do aluno é constante, inclusive para investigar os motivos de desistência. “Temos um protocolo de acolhida, buscamos sempre aperfeiçoar a abordagem.”