O primeiro dia de prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) terminou e, para quem fez o exame, agora o plano é descansar e se preparar para o próximo domingo (12). Segundo estudantes, a prova foi cansativa, com menos gráficos e tirinhas e mais texto do que em edições anteriores. Professores classificaram como médio o nível de dificuldade desta edição. Quando Cintia Oliveira, 45 anos, deixou o local de prova, a filha, Maria Eduarda Oliveira, 24 anos, já estava no portão esperando por ela. “Em 2017, foi ela que veio me buscar e agora eu vim com ela”, diz a filha, que com a nota do Enem entrou no curso de conservação e restauração na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A mãe, que é costureira, quer usar o Enem para entrar em um curso superior na área de logística. • Clique aqui e receba as notícias do R7 no seu WhatsApp • Compartilhe esta notícia pelo WhatsApp • Compartilhe esta notícia pelo Telegram “Não estava difícil não, só não me preparei tanto quanto gostaria”, diz Oliveira. “Não tive muito preparo, chego do trabalho tarde, não estou fazendo cursinho, busco o conteúdo na internet, então, estudar em casa é mais difícil. Achei que tinha muitas questões voltadas para mulheres, preconceito, questões indígenas. Achei bem interessante”, complementa. Neste domingo (5), os candidatos resolveram questões de linguagens e ciências humanas, além da redação. No próximo (12), as provas serão de ciências da natureza e matemática. Ao todo, são 180 questões, sendo 45 de cada área do conhecimento. Gabrielle Gomes, 20 anos, que pretende cursar publicidade, audiovisual ou fisioterapia, fez a prova do Enem pela segunda vez. “Confesso que estou tranquila, estava bem nervosa. Agora é esperar a segunda fase, se Deus quiser vai dar tudo certo”. A estudante diz que não conseguiu estudar muito, mas não achou a prova muito difícil. “Estou aqui pela segunda vez, mas ainda vejo como teste. Para ano que vem, quero melhorar mais e fazer o curso que desejo.” Carks Suarez, 20 anos, conta que foi surpreendido pelo tema da redação: "Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil". “Decidi não fazer porque não compreendi muito. Acho que faltou da minha parte conteúdo explicativo do que era para fazer”, diz. Não tirar nota zero na redação é pré-requisito para participar de programas federais de vagas e bolsas no ensino superior. Suarez diz que sabe que isso o prejudicará. Mesmo assim, ele vai fazer o segundo dia de prova, para testar os conhecimentos. Pedro Henrique Cabral, 17 anos, também pretende descansar. Este foi o primeiro Enem que fez. “Foi cansativo, mas não é muito difícil. Achei a prova tranquila. Teve cinco questões que não consegui fazer por cansaço”, conta. Na avaliação do professor Diogo D’Ippolito, do Colégio e Sistema pH, a prova deste domingo teve nível de dificuldade de médio para fácil. Além disso, segundo ele, muitos conteúdos trabalhados ao longo do ensino médio ficaram de fora da avaliação. “Isso, entretanto, não invalida a relevância das questões, com temáticas socialmente importantes como racismo e questões de gênero”, diz. Segundo ele, as questões estavam bem trabalhadas e desafiavam os estudantes a associarem o conteúdo à vida real, ao cotidiano e a pensarem isso de forma crítica. De acordo com o professor, a prova contou com menos imagens do que em edições anteriores do Enem. Sérgio Paganim, diretor do curso Anglo, concorda com D’Ippolito. “É uma prova com muito texto. Houve poucos gráficos, tirinhas, imagens, campanhas publicitárias, o que já foi uma tônica do Enem. A gente tem, na verdade, fundamentalmente, uma prova com uma quantidade muito grande de textos, de diversos gêneros, mas textos escritos, o que leva à exaustão”, diz. A presença dos textos, no entanto, faz com que o Enem seja menos conteudista. “Claro que cobra alguns conteúdos, mas a leitura dos textos é fundamental para estabelecer a relação entre a atualidade, entre os problemas sociais e entre os conhecimentos específicos das disciplinas abordadas.”