Problema social, bullying afeta metade das crianças do mundo
Mesmo diante do sofrimento e da humilhação, jovens conseguem transformar a dor em impulso para recuperar a autoestima e ter uma vida melhor
Educação|Michele Roza
Bullying é um problema grave e não pode ser tolerado pela sociedade. Crianças e adolescentes em todo o mundo estão sujeitos a sofrer atos de violência física ou psicológica, praticados por um único indivíduo ou um grupo, que causam dor e angústia.
Considerado um problema social grave, os casos são cada vez mais discutidos na sociedade por sua recorrência, principalmente entre os jovens.
Uma pesquisa da Organização das Nações Unidas (ONU) apontou que metade das crianças e jovens do mundo foi vítima de bullying em algum momento da vida. Foram ouvidas 100 mil crianças de 18 países.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) a violência interpessoal está entre as cinco principais causas de morte de jovens entre 10 e 29 anos.
A vida de crianças e jovens que sofrem bullying está em perigo. É o que aconteceu com o pequeno Carter English, menino de 6 anos que foi espancado por outras crianças da vizinha – todos da mesma idade que ele – em Washington, nos Estados Unidos.
O caso teve uma grande repercussão no país devido à gravidade e à gratuidade da violência. Carter quis defender um amigo que sofria bullying, mas foi atacado com pedras. O menino teve um braço quebrado e teve de ser internado por conta dos ferimentos.
A mãe do menino, Dana English, em uma entrevista, declarou que “não há motivo que justifique intimidar alguém” e gostaria que os outros pais soubessem que “o bullying não é algo aceitável”.
O que leva tantos jovens a terem um comportamento intolerante e agressivo? O psicólogo Guilherme Arinelli, mestre pela PUC Campinas, e que atua na área de Psicologia Escolar e Educacional com interesse em desenvolvimento humano, explica que o comportamento dos jovens — e de todas as pessoas — está intimamente associado com o contexto em que vivem, a educação que receberam e com a cultura da qual fazem parte.
“Não podemos isolar o comportamento como algo descolado da realidade. Vivemos em uma sociedade agressiva e violenta, com grandes dificuldades de comunicação. O que se expressa na escola ou em outros contextos institucionais é uma expressão da violência que está presente no nosso cotidiano. É importante analisar o contexto em que as agressões acontecem e quem são os envolvidos”.
Como combater esse problema? Segundo Arinelli, é importante abrir canais de diálogo e mediar as relações com momentos de fala e escuta. “Ao compreender como o outro se sente e quais as causas e consequências das ações, desenvolvemos uma capacidade de comunicação mais assertiva e não agressiva”, disse.
O estudo da ONU mostra que a maioria dos casos de bullying relatados foi motivado pela aparência física, gênero, orientação sexual, etnia ou país de origem.
Volta por cima
Apesar de todo o sofrimento e das humilhações sofridas, muitas pessoas são capazes de fazer do limão uma limonada e transformam a dor em uma motivação de crescimento para superar os problemas e ter uma vida melhor.
É o caso da jovem portuguesa Diana Lopes, que, desde pequena, sofreu com os colegas de escola. “Eu era uma criança muito introvertida. Por não estar dentro dos padrões de beleza esperados e ter problemas de aprendizagem era ridicularizada, vítima de bullying. Cheguei a ser agredida com beliscões e até tapas no rosto”, conta.
O sofrimento foi deixando a menina insegura, triste e deprimida. Chorava o tempo todo e tinha medo de contar o que estava passando para outras pessoas e a sua situação ficar ainda pior. “Sentia-me a pessoa mais feia e mais incapaz de fazer o que fosse”, lembra. Mesmo assim, Diana superou a angústia e o medo.
Ela contou com o apoio de um grupo de jovens que mostrou o quanto é importante se valorizar. “Os comentários e as ameaças foram deixando de me importar. De insegura, cheia de medos e traumas, passei a ser segura, enfrentando o que era necessário e sabendo onde queria chegar”, relata Diana.
O grupo de jovens ao qual Diana se refere é o Força Jovem Universal (FJU) de Viseu, a segunda maior cidade da região central de Portugal. Ela explica que esse apoio a fez sair da sua zona de conforto, vencer os medos e alcançar a jovem que sempre ambicionou ser. “Tudo isso eu devo ao FJU que me deu desafios para superar e palavras de edificação que investem no meu lado forte”, conclui.
A Universal mantém projetos voltados para cuidar, orientar e conscientizar crianças e jovens, em diversas faixas etárias, como o Escola Bíblica Infantil (EBI) — de 0 a 11 anos, o Força Teen Universal (FTU) — de 11 a 14 anos, e o Força Jovem Universal (FJU).
O grupo FJU desenvolve diversas atividades culturais, sociais, esportivas e espirituais com o objetivo de alcançar a juventude. Realiza, também, várias ações como o “Vale a Pena Viver” e o “Saiba Dizer Não”, que auxiliam e conscientizam sobre temas polêmicos e pertinentes aos jovens, como o vício em drogas, a depressão e o bullying.