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Educação

Relatório mostra o impacto da pandemia na América Latina: 'uma catástrofe educacional' 

Produzido pelo Banco Mundial e pelo Unicef, em colaboração com a Unesco, documento estima que quatro em cada cinco alunos não conseguirão compreender um texto

Educação|Karla Dunder, do R7

Perda na aprendizagem deve impactar a renda e o desenvolvimento econômico
Perda na aprendizagem deve impactar a renda e o desenvolvimento econômico

Um relatório produzido pelo Banco Mundial e pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), com a colaboração da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), estima que quatro em cada cinco alunos do 6º ano do ensino fundamental na América Latina e no Caribe apresentarão dificuldade de leitura e interpretação simples de textos. O documento Two Years After: Saving a Generation (Dois anos depois: salvando uma geração, em tradução livre) foi divulgado nesta quinta-feira (23). 

Os organismos internacionais destacam o impacto negativo da pandemia de Covid-19 em uma região que já sofria com problemas na aprendizagem. Segundo o relatório, o fechamento das escolas por causa do isolamento social pode ter provocado um atraso equivalente a mais de uma década nos resultados de aprendizagem. Jean Gough, diretora regional do Unicef para a América Latina e o Caribe, classificou a situação de "catástrofe educacional".

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A perda na aprendizagem também acende um alerta em relação aos aspectos econômicos. Os dados mostram que essa defasagem pode custar aos estudantes uma redução de 12% na renda ao longo da vida. Também pode prejudicar o desenvolvimento futuro dos países em análise. 

As crianças da América Latina e do Caribe vivenciaram um dos mais longos períodos de fechamento de escolas no mundo devido à Covid-19. Em média, os estudantes perderam, de forma integral ou parcial, dois terços de todas as aulas presenciais desde o início da pandemia, com uma perda de aprendizagem estimada em 1,5 ano.


Entre os países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), o Brasil foi o que ficou mais tempo com as escolas completamente fechadas em 2020. 

O relatório chama atenção para as desigualdades na região. As crianças mais vulneráveis e mais novas foram mais afetadas pela perda de aprendizagem que as mais velhas, o que gera um cenário para o aumento da desigualdade e uma crise geracional. Segundo o Unicef, muitas crianças não voltaram para a escola e outras retornaram mas estão perdidas no conteúdo, o que significa que não estão aprendendo.


Nesta quinta-feira também foi lançado o relatório The State of Global Learning Poverty: 2022 Update (O estado da pobreza de aprendizagem global: atualização 2022, em tradução livre), elaborado por Banco Mundial, Unesco, Unicef, FCDO, Usaid e BMGF, que mostra, em termos comparativos, que a crise educacional na América Latina e no Caribe deixa a região na segunda pior posição do mundo, perdendo apenas para a África Subsaariana, que apresenta um índice mais alto de pobreza de aprendizagem, com cerca de nove em cada dez estudantes incapazes de ler e compreender um texto simples no fim do ensino fundamental.

Diante do cenário crítico, o relatório Two Years After: Saving a Generation faz um apelo aos governos para que concentrem suas políticas em duas estratégias essenciais: a promoção do retorno às escolas e a recuperação da perda de aprendizagem. Voltar ao presencial também significa evitar o abandono e a evasão escolar. Já a aprendizagem deve priorizar o ensino de matemática e leitura, além de questões psicossociais de professores e estudantes.

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