Saiba como conquistar uma vaga em uma universidade pública sem vestibular
Vagas olímpicas são disponibilizadas para os estudantes que se destacam em competições de conhecimento
Educação|Alex Gonçalves*, do R7
As olimpíadas científicas são competições voltadas para alunos dos ensinos fundamental e médio e podem incluir universitários do primeiro ano da graduação. As competições chamam a atenção dos jovens estudantes e se tornaram uma alternativa ao vestibular.
Vitor Melo Pellegrino, 19 anos, nasceu em Santa Rita do Passa Quatro, no interior de São Paulo. Ele foi aprovado por meio de vaga olímpica nos cursos de engenharia de produção e engenharia mecânica da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e no curso de engenharia de materiais da Unifei (Universidade Federal de Itajubá).
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“Minha primeira participação em uma competição foi aos 11 anos na OBA (Olimpíada Brasileira de Astronomia). A escola e os professores incentivavam os alunos a participarem das disputas", comenta. Vitor marcou presença nas principais olimpíadas, entre elas a OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas), a OBM (Olimpíada Brasileira de Matemática) e a OPF (Olimpíada Paulista de Física).
O maior incentivo veio de dentro de casa. "Meu pai é professor de geografia, e meu tio, de matemática. Sempre tive o apoio deles para me preparar para as competições e, com o tempo, pude entender quão importante foi participar dessas provas."
Com uma rotina intensa de estudos, Vitor repassava o conteúdo que recebia em sala de aula e participava do Poti (Programa Polos Olímpicos de Treinamento Intensivo), da USP (Universidade de São Paulo) durante o ensino fundamental. "Eram aulas da área matemática com estudos de álgebra, teoria dos números, análise combinatória e trigonometria", destacou. Ele também chegou a fazer aulas extras focadas em olimpíadas científicas com professores-voluntários nos fins de semana.
Ao todo, o estudante acumulou 25 medalhas em olimpíadas do conhecimento, com destaque na OIMSF (Olimpíada Internacional de Matemática sem Fronteiras) — ele conquistou uma medalha de ouro.
As participações nas competições trouxeram, além de conhecimento, uma evolução pessoal. "As olimpíadas requerem disciplina e muito estudo. Toda a experiência adquirida agregou e me ajudou a chegar onde estou hoje. Sei que isso deve contribuir para o meu futuro profissional."
Por questões pessoais, o jovem medalhista optou por mudar de universidade após ter sido aprovado no curso de engenharia de materiais no vestibular da Unesp (Universidade Estadual Paulista).
De acordo com Vitor, falta divulgação das vagas olímpicas. "Percebo que poucos estudantes sabem sobre o assunto. Quando cheguei à universidade, colegas de classe, por exemplo, desconheciam essa modalidade de ingresso", lembra. "Dá oportunidade para jovens entrarem no ensino superior público por mérito, sem passar pelo vestibular."
Já Antônio Ítalo Lima Lopes, 19 anos, é natural de Fortaleza, no Ceará, e conquistou medalha de ouro pela OBF (Olimpíada Brasileira de Física) em 2016, prata na Olimpíada Internacional Júnior de Ciências de 2018 e na IPhO (Olimpíada Internacional de Física) em 2019.
Ex-aluno do Sistema Farias Brito, ele participou, pela primeira vez, de uma turma olímpica durante o ensino fundamental. "Minha participação em olimpíadas iniciou com a OBR (Olimpíada Brasileira de Robótica), e depois fiz provas da OBI (Olimpíada Brasileira de Informática) e da OBM (Olimpíada Brasileira de Matemática)", lembra.
"É uma rotina intensa de estudos. Na época, cursava aulas extras no período noturno para me preparar", conta. Foi pelo alto desempenho nas competições das olimpíadas cientificas que Antônio conquistou uma vaga na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) sem a necessidade de realizar o processo seletivo tradicional. "Apesar do mérito, tive dificuldades de locomoção para a universidade, não pude permanecer no curso, mas fui aprovado na Fuvest, pelo vestibular tradicional, e hoje estudo engenharia da computação na USP (Universidade de São Paulo)", comemora.
De medalhista a coordenador na Olimpíada Brasileira de Física
Ivan Guilhon, 30 anos, atualmente é professor no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e também coordenador estadual da OBF (Olimpíada Brasileira de Física).
Medalhista olímpico, o professor tem diversas passagens em olimpíadas do conhecimento: ouro na Olimpíada Brasileira de Física; prata na Olimpíada Internacional de Física e primeiro lugar no prêmio IFT (Instituto de Física Teórica) de Jovens Físicos.
Natural de Fortaleza, no Ceará, Ivan explica que desde jovem já se identificava com números, equações e resoluções matemáticas e no ensino médio descobriu o mundo das olimpíadas científicas."Eu sempre gostei de estudar e naquela época passava mais de 12 horas debruçado sobre os livros", recorda.
O longo período de estudo se dava pelas aulas extras e focadas em olimpíadas. "O conteúdo dado em sala de aula especial me chamava mais a atenção do que das aulas convencionais", diz. Foi assim que Ivan tomou gosto por olimpíadas e iniciou uma jornada acadêmica, acumulando cerca de 20 medalhadas durante o período escolar.
Ao refletir sobre o seu atual cenário profissional, Ivan diz: "Se não fossem as minhas participações em olimpíadas, talvez eu não tivesse chegado à posição em que estou atualmente. As competições me ajudaram a me preparar para os vestibulares, a chegar ao ITA e estar na docência", comenta.
Para quem tem algum medo ou receio de participar das olimpíadas científicas, o professor sugere três dicas que vão ajudar a destravar:
• Busque modelos de provas anteriores para se familiarizar com a abordagem do exame;
• Procure livros com foco no tema a ser estudado (matemática, química, física, história etc.); e
• Tenha ajuda de professores para um estudo mais bem direcionado e para garantir um bom resultado.
*Estagiário do R7 sob supervisão de Karla Dunder