Sala de aula com crianças de idades diferentes: 'juntos eles aprendem melhor'
Escolas apostam na diversidade e na troca de conhecimento entre alunos com vários níveis de aprendizagem em um mesmo espaço
Educação|Karla Dunder, do R7
Escolas de educação infantil e até mesmo de ensino fundamental estão apostando na interação de crianças de idades diferentes convivendo no mesmo espaço. A aposta é que a diversidade promova uma maior troca de conhecimentos entre os estudantes e impulsione a aprendizagem.
"Juntos eles podem aprender melhor", destaca a diretora do Espaço Ekoa, Ana Paula Yasbek. "O convívio entre crianças de idades diferente é muito potente, os mais novos se espelham nos mais velhos, percebemos isso, por exemplo, no desenvolvimento da linguagem."
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Na escola, a ideia surgiu com as crianças de zero a 3 anos. "Nesta fase, não viámos sentido em seguir a lógica escolar de dividir por idade, o convívio é muito mais importante", explica Ana Paula.
A ideia passou para toda a educação infantil e para os primeiros anos do ensino fundamental, o que resultou em turmas bianuais. Para a educadora, a vantagem de manter as turmas multietárias está no entendimento de que cada criança tem o seu tempo para aprender. "O processo de aprendizagem pode ser mais longo do que aquele definido na linha do tempo escolar."
O mesmo princípio rege a Teia Multicultural. Com base nas ideia do psicólogo Lev Vygotsky, que foi pioneiro no conceito de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais e condições de vida, a escola promove essa troca entre estudantes de idades diferentes.
"Um aluno que está quase conseguindo aprender algo vai precisar de mais ajuda, vendo seus pares, pode se desenvolver mais rápido para atingir o aprendizado de um determinado assunto", avalia a diretora pedagógica do Teia, Georgya Correa. "Para isso, é necessário que o professor desenvolva atividades para diferentes níveis, com diferentes abordagens, de forma mais individualizada para que nenhum perca o interesse."
Manter o interesse os alunos que estão mais avançados é uma das preocupações da psicopedagoga Patrícia Marques com relação a proposta de ensino. "O agrupamento de crianças de diferentes idades pode ser benéfico, mas traz um grande desafio ao professor em manter a atenção e o interesse de todos."
"Sabemos que as crianças não têm a mesma velocidade no desenvolvimento, alguns são mais infantilizados, outros têm mais dificuldade, mas para que funcione, é preciso que a escola tenha estrutura e dê suporte aos professores", reforça Patrícia.
Elizabeth Polity, diretora do Colégio Winnicott, reforça que trabalhar as diferenças vai além do conteúdo curricular. "Com planejamento e um projeto bem pensado, vale trabalhar a diversidade, o estudante aprende a tolerar o não saber, a compreender um pensamento diferente e se sentir emporado ao ensinar o colega, vale pelas trocas de conhecimento e empatia."