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Eleições 2020

Campanhas nas redes sociais podem intensificar fake news em 2020

Devido ao distanciamento social, atenção se volta ao meio digital: 'campanha do corpo a corpo será substituída pela campanha do post a post'

Eleições 2020|Guilherme Padin, do R7

Compartilhamento de notícias falsas pode gerar punições aos usuários
Compartilhamento de notícias falsas pode gerar punições aos usuários

Como as campanhas de candidatos a vereadores e prefeitos terão nas Eleições 2020 uma atuação mais intensa nas redes sociais, as fake news voltam a ser alvo de preocupação, como foram em 2018.

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“É difícil que haja um controle [sobre as fake news]. Os mecanismos de comunicação digitais têm uma rapidez que faz com que o controle esteja sempre atrasado. Ainda estamos vivendo isso. O processo de compartilhamento informações falsas não parou. Ele continua”, diz Paulo Baía, cientista político e professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

A atenção se volta a este problema já que, devido ao distanciamento social imposto pelo novo coronavírus, as campanhas políticas deste ano deverão concentrar-se sobretudo na internet. Maurício Fronzaglia, cientista político da Universidade Presbiteriana Mackenzie, comenta que, nestas eleições, o meio digital será a principal fonte das campanhas.

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Diogo Rais, professor de direito eleitoral da Universidade Presbiteriana Mackenzie e cofundador do Instituto Liberdade Digital, brinca que “a campanha do corpo a corpo será substituída pela campanha do post a post”. As campanhas municipais, relembra, são as que ocorrem nas ruas, mas agora o meio digital terá presença ainda maior.

“Creio que a incidência dos efeitos – os benéficos e os colaterais – irá aumentar. Entre os colaterais, as próprias fake news. Pode ser que não seja tão sofisticada quanto na campanha nacional, mas o fenômeno deve acontecer em todos os municípios”, afirma Rais.


Na avaliação de Maurício Fronzaglia, para disseminadores de informações falsas, o que está em jogo não é se a informação é verdadeira ou não, mas se quem a recebe acredita nela – o que, aponta, deve seguir nestas eleições. “Na filosofia, se chama ‘valor de verdade’. Não é se a coisa é verdadeira, mas se ela tem valor de verdade pra quem a recebe. Nesse ponto, como temos visto nas bolhas das redes sociais, como elas recebem aquilo que elas já acreditam, é o que mais acontece: as coisas falsas terem valor de verdade”.

Fake news se diferenciam em eleições municipais

Há, segundo os especialistas, diferenças claras entre o processo de disseminação de fake news durante eleições municipais em relação à eleição em âmbito nacional e estadual.


Uma particularidade, segundo Diogo Rais, é que não há meios de checagem em todos as cidades do país. “Na eleição em âmbito nacional, os grandes jornais sempre poderão checar se a notícia é verdadeira ou não. Nas municipais, nem toda cidade possui essas fontes de checagem”, aponta.

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Por outro lado, como observa Paulo Baía, os meios de difusão são fragmentados no âmbito municipal – sem a mesma facilidade de difusão que há dois anos, em campanhas mais centralizadas.

“A informação falsa da cidade de São Paulo não vale para Osasco ou São Caetano. Tem que ser outra. Há uma capilaridade em relação aos municípios, que você não impede, mas dificulta a difusão dessas fake news”, diz Baía.

Cuidados e riscos

Num período no qual a disseminação de fake news se intensifica, o eleitor que compartilha informações falsas pode sofrer, inclusive, com penalizações, explica Diogo Rais: “somos responsáveis pelo que escrevemos e publicamos”. Para afirmar se uma publicação pode gerar consequências criminais, a resposta depende de cada caso.

“A consequência depende muito do tipo de fake news. Se for uma ofensa, pode ser [crime de] injuria ou difamação, ou como [uma postagem que] indicar um fato criminoso, que seria calúnia”, diz Rais, que comenta que, para responder criminalmente, não é necessário ser o primeiro a publicar a informação: “[O crime de] ofensa não exige que você seja o primeiro a publicar, exige que você divulgue”.

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Rosemary Segurado, cientista política e professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) e da FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo), aconselha a quem recebe informações de procedência duvidosa que se procure veículos de imprensa confiáveis e pesquise se a informação está correta. “Não compartilhe antes de se fazer uma mínima verificação. Quando se compartilha uma mentira, está ajudando a propagá-la”, comenta.

Diogo Rais argumenta, ainda, que é mais fácil ser encontrado e punido por algo que se disse na internet do que pessoalmente:

“No espaço digital, muitas pessoas se sentem anônimas, protegidas. Mas isso cada vez mais é enganoso. Cada vez mais há mecanismo para identificar quem é o autor. No ambiente presencial é mais fácil não deixar rastros do que na internet. É mais fácil eu gritar uma mentira na rua, ir embora e ninguém nunca me achar do que fazer isso na internet”.

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