Vitor Kley: "DVD veio na hora certa. A galera adorou o single ao lado da dupla Jorge e Mateus. Outros virão"
Cantor e compositor festeja sucesso da primeira parceria divulgada do DVD de estreia, 'A Bolha ao Vivo', em São Paulo, destaca a turnê com shows em Portugal, Itália e Inglaterra e revela gostos pessoais
Entrevista|Eduardo Marini, do R7
Sol, lua, estrelas. Ao que tudo indica, o que se vê no céu traz sorte ao cantor, compositor e instrumentista Vitor Barbiero Kley — seus fãs, e eles não são poucos, preferem apenas Vitor Kley.
Descendente de italianos e alemães, esse gaúcho cabeludo de 28 anos, com fala mansa, pinta de surfista e simpatia dos pacificados nasceu em Porto Alegre e foi criado em Novo Hamburgo (RS) e no Balneário Camboriú (SC). Compôs sua primeira música aos 10 anos, incentivado pela mãe, a professora e artista plástica Janice Barbiero. Um ano depois, ganhou uma guitarra de presente do pai, Ivan Kley.
Os números e conquistas na carreira impressionam. Ele possui mais de 3,3 milhões de ouvintes mensais na plataforma de streaming Spotify e quase 300 mil inscritos em seu espaço no YouTube.
Foi indicado para o Grammy Latino de Melhor Canção em Língua Portuguesa, em 2020, com A Tal Canção pra Lua, e, no ano seguinte, na categoria Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa, com A Bolha.
Antes de mergulhar na carreira musical, pensou em ser tenista profissional, como o pai, um dos grandes nomes da história da modalidade no país. Chegou a disputar torneios importantes, como o Banana Bowl, mas aos 16 anos desistiu das quadras. Um ano depois, com o violão nas mãos em vez das raquetes, fez seu primeiro ponto de ace no estouro do hit O Sol, aquele do refrão “toda vez que você sai/o mundo se distrai/quem fica, ficou/quem foi, vai, vai, vai”.
Vitor Kley começou a apresentar seu pop melódico e contemporâneo em dois álbuns independentes: Eclipse Solar (2009), produzido por Déio Tambasco, e Luz a Brilhar (2012), com produção de Armandinho, ícone do reggae nacional e seu padrinho musical.
O primeiro EP, Vitor Kley, veio em 2016, pela gravadora Midas Music. As sete faixas, entre elas Armas a Nosso Favor, Dois Amores e Farol, somam milhões de acessos nas plataformas de streaming.
Com o terceiro álbum, Adrenalizou (2018), também pela Midas, ganhou disco de platina. No ano seguinte, novo estouro, Pupila, com participação do duo Anavitória. E veio, então, A Tal Canção pra Lua, ao lado de Samuel Rosa, em que ele diz ter mirado a lua mas acertado as estrelas. E, depois, Detesto Despedidas, com Pedro Calais. Os sucessos começam a forma uma pilha de respeito.
Em 2020, lançou o EP Ao Vivo em Portugal, com registro da turnê realizada por lá. E, por aqui, o álbum A Bolha, com 12 faixas produzidas e dirigidas por Rick Bonadio em parceria com Renato Patriarca. O single O Amor É o Segredo foi o primeiro do trabalho a ser lançado.
Um ano depois, gravou nova versão de ACura, ao lado do autor, Lulu Santos, lançou o documentário Bem-Vindos à Bolha e o projeto infantil Turma do Menino Sol, composto de clipes animados e um livro ilustrado com versões em espanhol e inglês e adaptação para o português de Portugal. E há ainda outro sucesso, O Amor Machuca Demais, uma homenagem ao rock dos anos 2000, com participação de Di Ferrero, Daniel Weksler, Lucas Silveira e MariMoon.
Tudo me Lembra Você, single de 2022, gerou rebolados em massa no TikTok antes mesmo do lançamento oficial da faixa. Logo depois, fez um show em Portugal para mais de 40 mil pessoas e outro no palco Sunset do Rock in Rio, ao lado de Di Ferrero. Fechou o ano com o single Ainda Vou Morrer por Não Falar, também com direção musical de Bonadio.
Neste papo com o R7 ENTREVISTA, Vitor Kley dá detalhes do primeiro DVD de sua carreira, A Bolha ao Vivo em São Paulo, gravado em abril de 2023 com participação de Samuel Rosa, Jorge e Mateus, Priscilla Alcantara, Bruno Martini, Rick Bonadio e L7nnon.
Destaca o single Porta-Retratos, ao lado da dupla Jorge e Mateus, único do novo projeto a ser disponibilizado até agora, revela gostos pessoais e fala sobre o futuro da turnê de lançamento no Brasil e na Europa. Sol, céu, lua e estrelas não parecem ser limites para o rapaz. Acompanhe:
A Bolha ao Vivo em São Paulo é seu primeiro DVD?
Vitor Kley – Sim, e isso é especial para qualquer artista. Sempre gostei de DVD, de acompanhar os trabalhos dos caras ao vivo. Chegou minha vez. Achei o momento correto, com um repertório em quantidade e qualidade suficientes para o projeto. Veio na hora certa, com músicas que a galera conhece e a possibilidade de criar bom arranjos, ter bons convidados e oferecer um acabamento visual bacana. E o primeiro single, com a dupla Jorge e Mateus, lançado há poucos dias, está sendo muito bem recebido por todos.
Não tenho namorada. A música que gravei com Jorge e Mateus fala de saudade%2C do que a gente deixa para trás ao fim de um relacionamento. Fica o porta-retratos%2C o pijama que rolou de presente de um para o outro%2C a curiosidade do porteiro que sempre perguntava pelo casal. 'E a moça%3F' 'Não estou mais com ela...'
A combinação ficou harmônica.
Cara, que mistura louca essa do meu som com o deles, né? Muita gente estranhou nossa ideia, minha e do Simão, que compôs comigo, mas ficou bacana. Eu nem tenho namorada, mas a música fala de saudade, do que a gente deixa para trás ao fim de um relacionamento. Fica o porta-retratos, o pijama que rolou de presente, a curiosidade do porteiro que sempre perguntava pelo casal. “E a moça?" "Não estou mais com ela..."
Há algo da tal sofrência nessa faixa...
Sim, e esse tom de sofrência do sertanejo tem uma ligação com o country rock, por exemplo, e mesmo com muitas baladas. Por isso a coisa funcionou tão bem. Gosto muito de trabalhar sem barreiras na música. Tem canção doida, comportada, leve, pesada, mas, para mim, no fundo, só há dois tipos: a boa e a ruim. Podemos trabalhar juntos. Acho uma ideia boa inclusive sob o ponto de vista da convivência humana. Sou fã do trabalho deles e da carreira que construíram. Fiquei muito feliz porque a realização e o resultado desta faixa encontraram perfeitamente o que planejamos, a nossa imaginação.
Sua música facilita isso.
Verdade. Tenho uma postura muito limpa na música pop. Muitos gostam, uma parte não, direito de cada um, mas não dá para dizer que minha música não é honesta porque ela exibe, o tempo todo, a limpeza e a transparência que são minhas características. Estou feliz. Olho para o lado, para a frente, para o céu, e digo "Opa! É preciso agradecer".
Fale um pouco sobre o DVD ao vivo.
Por enquanto só saiu o single com o Jorge e Mateus. Aguardem: as outras estão por sair. Meu produtor, o Rick Bonadio, teve a sabedoria de me ajudar a ver o momento certo. Estamos aí com umas quatro ou cinco músicas já lançadas na boca da rapaziada, mas aquelas que são mesmo dos fãs, com boa recepção garantida, e algumas inéditas. A combinação do repertório, ao meu ver, permitiu a oferta do melhor do meu trabalho. Conferi todos os áudios e vídeos. Cara, a galera cantando até músicas que a gente não esperava que iria mobilizar tanto. Ficamos surpresos em muitos casos. Espere, galera, que as outras estão vindo por aí. Estou louco para sair em turnê cantando tudo isso ao vivo.
E a participação dos convidados no DVD?
Só tem craque [risos]. O L7, o L7non, um cara que admirava e de quem fiquei ainda mais fã agora, após conhecer. Mandou muito. Chegou mandando umas rimas animais. A Priscilla Alcântara, uma das maiores cantoras do país na atualidade, convidou-me antes para um feat com ela em Tudo Pah. Fizemos neste DVD uma versão da música um pouco mais rock'n’roll. Além deles, Bruno Martini, que produziu antes a faixa Morena, e o Samuel Rosa, que cantou Saideira e A Tal Canção pra Lua, que ele tinha gravado comigo. Bom, Samuel é ídolo, como Skank, cara humilde e extremamente generoso. Quis conhecer meu som e virou meu amigo. O Rick Bonadio fez alguns pianos e Jorge e Mateus, o primeiro single. Tudo muito diversificado, até mesmo nas participações. É uma seleção, não é mesmo? Só feras.
Música é o amor da vida. Não dá para fugir dela nem nos momentos de descanso. É como o jogador de futebol que passa as férias batendo bola [risos]. Tenho estúdio em casa. Produzo coisas novas%2C adianto outras%2C toco%2C aprendo outros instrumentos. Gosto também de videogame. Peguei a mania na pandemia. Até troquei o meu velho por um mais novo. Adoro surfar. Me faz muito bem. Criei várias músicas dentro d’água%2C surfando.
Muita gente boa, de fato. Mudando de faixa: o que você curte fazer quando não está na estrada para shows, nos palcos ou nos estúdios?
Música é o amor da minha vida, então não dá para fugir completamente dela nem nos momentos de descanso. É como o jogador de futebol que passa as férias batendo bola [risos]. Como tenho estúdio em casa, produzo coisas novas, adianto coisas, toco, procuro aprender outros instrumentos...
Videogame?
Gosto também. Meus amigos me chamaram, e acabei por pegar essa mania na pandemia. Até troquei o meu velho por um mais novo. Adoro surfar. Me faz muito bem. Criei várias músicas dentro d’água, surfando.
Você curte futebol. É gremista ou colorado?
Gremista fanático. Terá jogo do Grêmio. Vou acompanhar.
E os planos para o futuro imediato?
Bom, o primeiro single foi lançado, está indo superbem, e teremos de fazer os shows do DVD ao vivo. Vamos lançar o segundo daqui a pouco. Estamos entre duas músicas. O restante deste ano será para a turnê. Estamos em turnê. Vamos inserir algumas músicas do DVD. Farei shows pela primeira vez na Itália e Inglaterra e retornarei a Portugal. Vou embarcar no dia 4 de julho. Farei 18 shows nesses três países, o último deles no dia 26 de agosto, em Portugal. Na volta, estão agendadas duas apresentações, em Divinópolis, Minas Gerais, no dia 1º de setembro, e na minha Porto Alegre natal, no dia 8 de setembro. Outros mais virão.
Muito obrigado.
Eu é que agradeço pelo papo e convido a turma do R7 para acompanhar o DVD, os singles e os shows.