A revista New Yorker traz na capa da edição de 26 de março uma imagem que há poucas décadas seria impensável para a realidade norte-americana: uma ilustração do presidente totalmente nu, com o título: “Exposto”. O desenho, em si, é claramente depreciativo, mostrando um Donald Trump flácido e acima do peso. Não se trata de discordar, com argumentos, das ideias do presidente, a intenção é claramente a de humilhar e ridicularizar sua figura. A divulgação no Twitter da revista dividiu opiniões. Enquanto alguns acharam engraçado, outros ficaram chocados com o desrespeito. Há quem tenha tentado encontrar uma lógica na aberração e forçado a barra, ligando a imagem ao conto “A roupa nova do imperador”, de Hans Christian Andersen, sobre um monarca vaidoso enganado por um falso alfaiate. O homem prometeu fazer para o rei uma roupa que apenas pessoas inteligentes conseguissem enxergar. No final, o imperador desfila pelado porque ninguém teve coragem de dizer que não enxergava a roupa, até que uma criança grita “o rei está nu!” e todos começam a apontar e rir também. O problema é que a New Yorker não é uma criança inocente apontando a nudez do rei. Em um movimento coordenado com a mídia de viés esquerdista daquele país, a revista vem martelando ataques contra Trump desde antes de ele ser eleito. É como se tentasse convencer a população de que o rei está nu desde a hora em que ele acordou de pijamas. O mais estranho, sem dúvida, é a existência de comentários de americanos se divertindo com a “zoação”. Nós, brasileiros, estamos acostumados a esculhambar nossos presidentes, mas quem nasce nos Estados Unidos cresce ouvindo que é dever de todo cidadão respeitar a presidência da república. Ainda que a pessoa a ocupar o cargo seja desagradável, deve ser respeitada por causa da hierarquia. É um conceito sagrado. Aliás, esse nacionalismo americano foi um dos grandes responsáveis pelo país ter se tornado uma potência econômica e política, a ponto de se enxergar como “o líder do mundo livre”. A maioria dos brasileiros acha graça na ideia de ridicularizar nossos governantes porque não temos, como nação, nenhum senso de respeito à presidência da república — ou a qualquer outra instituição pública. A pátria sempre foi vista como madrasta opressora, símbolo colonialista, interessada apenas em explorar os mais fracos. Assim, mesmo o brasileiro sendo um povo doador, que gosta de ajudar os outros, acabou se acostumando a procurar vantagem pessoal em tudo. Explorar antes de ser explorado. Muito da bagunça que vemos hoje é resultado desse pensamento: atraso, corrupção arraigada em todas as instituições e em todos os poderes, valores distorcidos, falta de ética e uma mídia majoritariamente manipuladora, que perpetua o que há de mais podre na sociedade. A julgar pela postura com relação ao presidente, os Estados Unidos estão começando a seguir por esse caminho. Quem acompanha o desenrolar dos fatos no mundo inteiro já percebeu que há uma agenda mundial para enfraquecer os governos — e a maior parte da mídia está a serviço dessa agenda, assim como grande parte da indústria do entretenimento. Nos Estados Unidos, tentam convencer o povo de que respeitar a presidência não significa, necessariamente, respeitar o presidente. Como se fosse possível respeitar a presidência desrespeitando a pessoa que a representa. Iludidos com esse jogo de palavras, os cidadãos americanos, sem perceber, caminham para a destruição daquilo que mais prezam. Ao perderem os valores que lhes permitiram crescer, inevitavelmente começarão a retroceder. O esforço da indústria da informação e do entretenimento a serviço dessa agenda tem sido de relativizar os valores e colocar a vontade pessoal e as emoções passageiras acima de tudo. É assim que o ódio acaba ganhando espaço, mesmo travestido de indignação justa ou de liberdade de expressão. E, enquanto exigem de Trump uma aparência condizente com o cargo que ele ocupa, não deixam passar uma oportunidade de ridicularizá-lo, ofendê-lo e desrespeitá-lo de todas as formas. Ao contrário do discurso incoerente da mídia norte-americana, não é possível respeitar a presidência e desrespeitar o presidente. Se a pessoa ocupa a cadeira da presidência, ela passa a personificar essa presidência. O que quer que se faça contra ela, está sendo feito, na verdade, contra a nação. Mesmo sem perceber, os Estados Unidos estão atacando a si mesmos. Dando um tiro no pé atrás do outro, cegamente acreditando que acertarão Donald Trump e o derrubarão da cadeira presidencial. Porém, o que não conseguem enxergar é que, quando humilham seu presidente, humilham a nação como um todo e mostram que não é o imperador, como pessoa, que está nu, mas o império inteiro.