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As seis chaves para entender as eleições na Argentina

Cerca de 33,8 milhões de argentinos poderão votar. Principais candidatos à vitória são peronista Fernández e presidente Mauricio Macri

Internacional|Da EFE

Argentinos vão votar pela volta do peronismo ou continuidade do governo Macri
Argentinos vão votar pela volta do peronismo ou continuidade do governo Macri

Em plena crise econômica e palco de uma grande polarização política, a Argentina decide neste domingo (27) entre um possível retorno ao peronismo pelas mãos de Alberto Fernández ou em dar um voto de confiança a Mauricio Macri.

Cerca de 33,8 milhões de argentinos estão aptos para escolher os novos presidente e vice-presidente do país para um mandato de quatro anos, que começará no próximo de 10 de dezembro, e para renovar parcialmente a composição do Congresso.

Se nenhum dos candidatos obtiver 45% dos votos ou mais de 40% e dez pontos percentuais de vantagem para o segundo mais votado, a disputa será decidida em segundo turno, chamada no país de "balotaje", no próximo dia 24 de novembro.

Essas são as seis chaves do pleito:


1- Mudança ou continuidade

Embora seis candidatos disputem a corrida presidencial, os únicos com chances de vencer são Macri, que tenta a reeleição pela coalizão Juntos pela Mudança, e Alberto Fernández, cabeça de chapa da aliança peronista Frente de Todos, que tem como candidata à vice-presidência a atual senadora e ex-presidente do país, Cristina Kirchner.


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O pleito deste domingo já é visto como um segundo turno entre os dois após os resultados das eleições primárias de agosto. Todos aqueles que tentaram se apresentar como uma terceira via entre o macrismo e o peronismo não conseguiram ter protagonismo durante a campanha e estão muito distantes dos dois principais candidatos nas pesquisas.

Macri, que chegou ao poder em 2015 após 12 anos de governos kirchneristas, quer um segundo mandato para ter mais tempo para resolver os problemas econômicos que, segundo ele, afetam a Argentina há décadas e foram responsáveis pela atual crise.


Já Fernández, chefe de gabinete durante o governo de Néstor Kirchner (2003-2007) e os primeiros meses do primeiro mandato de Cristina, propõe um pacto econômico e social entre o governo, os empresários e os sindicatos para recolocar o país nos trilhos.

2- O peso da crise

No ano passado, a economia da Argentina entrou em um ciclo recessivo, o PIB caiu 2,5% e a inflação disparou para 47%. A crise teve impacto direto sobre todos os indicadores sociais e elevou a pobreza para 35,4% no primeiro semestre deste ano, o maior índice desde 2004. O desemprego subiu para 10,6%, o maior valor em 13 anos.

O cenário econômico complicou as chances de Macri se reeleger. O candidato do Juntos pela Mudança chegou ao poder prometendo zerar a pobreza e reduzir a inflação no país. Quase quatro anos depois, a Argentina tem 5 milhões de "novos pobres" e o índice de preços ao consumidor deve fechar o ano com alta de 55%.

O descontentamento social com a crise econômica inclinou a balança eleitoral em favor de Fernández, favorito para vencer o pleito já no primeiro turno, segundo as pesquisas.

3- A união do peronismo

A ex-presidente Cristina Kirchner surpreendeu em maio com a decisão de desistir da candidatura à presidência e escolher Fernández para encabeçar a chapa da Frente de Todos, em especial porque o agora aliado tinha se tornado um dos principais críticos de seu governo quando deixou o cargo de chefe de gabinete em 2008.

A briga interna foi esquecida porque o peronismo entendeu que, dividido, teria dificuldade em bater Macri, mesmo com os atuais problemas econômicos que país enfrenta. A opção por Fernández ainda trouxe para a chapa o voto de um eleitor mais moderado, que dificilmente toparia votar outra vez em Cristina, acusada em vários casos de corrupção.

Macri respondeu na mesma moeda e escolheu como Miguel Ángel Pichetto, um peronista dissidente, como candidato a vice, quando tudo indicava que seu companheiro de chapa seria um integrante da União Cívica Radical (UCR).

4- Primárias decisivas

Embora as Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias (PASO) fossem vistas apenas como uma grande pesquisa eleitoral, já que todas as coalizões tinham definido antecipadamente quem seriam seus candidatos à Casa Rosada, a vantagem de 16 pontos percentuais que Fernández abriu para Macri praticamente sentenciou o pleito deste domingo.

Possível único presidente não peronista a terminar o mandato desde a volta da democracia ao país, Macri apostava em um desempenho melhor nas PASO, assim como quase todas as pesquisas de intenção de voto divulgadas antes da realização do pleito.

A dura derrota de Macri, visto como pró-mercado, provocou uma tempestade financeira que agravou a crise econômica, complicando ainda mais as chances de reeleição do atual presidente.

Das primárias até agora, o peso se desvalorizou 29% em relação ao dólar, o país perdeu US$ 20 bilhões em reservas cambiais e a inflação, que já era alta, subiu ainda mais.

5- Campanha atípica

Com Fernández como virtual vencedor desde as primárias, apesar de Macri não ter se rendido e ainda confiar em um improvável segundo turno, a campanha foi atípica. Cristina ficou ausente dos palanques peronistas, uma estratégia já pensada pela Frente de Todos pela rejeição que a ex-presidente tem de parte do eleitorado.

Já pensando em como governará nos próximos quatro anos, Fernández fez poucos comícios, preferindo organizar reuniões com diferentes setores sociais e empresariais, em uma tentativa de criar uma base de apoio assim que sua vitória seja confirmada. Macri, por outro lado, foi para as ruas e organizou grandes atos em diversas cidades do país.

6- Dívida que condiciona o futuro

O Fundo Monetário Internacional (FMI) também foi um importante protagonista das eleições na Argentina. No ano passado, Macri firmou um acordo para pegar emprestado US$ 56,3 bilhões, a maior operação deste tipo já realizada pela instituição, em troca de adotar um rígido programa de ajuste fiscal, muito criticado por Fernández.

Já foram repassados US$ 45 bilhões ao país, mas o FMI preferiu deixar para depois das eleições o envio de uma parcela de US$ 5,4 bilhões, prevista inicialmente para setembro. A organização quer primeiro analisar as propostas econômicas do vencedor.

No fim de setembro, a dívida da Argentina subiu para US$ 315 bilhões, o equivalente a 68% do PIB. Do total, US$ 126 bilhões estão nas mãos de credores privados e outros US$ 75 bilhões correspondem a dívidas com organizações internacionais.

O governo eleito terá que renegociar os compromissos do país, já que considera-se ser impossível que a Argentina cumpra com os pagamentos inicialmente acertados. A dúvida é como cada candidato lidará com essa renegociação.

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