Chefe do governo líbio, Fayez al-Sarraj renunciou em pronunciamento institucional
MICHAEL NAGLE/ EPA/ EFE/ 25.09.2019O líder do Governo de Acordo Nacional apoiado pelas Nações Unidas em Trípoli, Fayez al-Sarraj, anunciou hoje sua decisão de renunciar ao cargo e entregar o poder a um sucessor antes do final de outubro.
Em um pronunciamento institucional transmitido pela televisão estatal, Al-Sarraj convocou o Comitê Consultivo a se reunir e eleger um novo Conselho Presidencial para assumir as funções do GNA, dirigido por ele desde a formação, em março de 2016. O governo foi formado após o fracassado processo de paz conduzido pela ONU na cidade marroquina de Skhirat.
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Nos últimos dias, surgiram especulações na Líbia sobre a saída de Al-Serraj, onde ele faz parte do novo esforço da União Europeia e das Nações Unidas para recuperar a liderança de uma negociação que tem sido controlada durante meses pela Rússia e pela Turquia, sendo este último o principal apoio do GNA.
Moscou, por sua vez, respalda as aspirações do Marechal Khalifa Hafter, líder do Exército Nacional da Líbia (LNA) e tutor do governo não reconhecido.
Neste esforço, o Conselho de Segurança da ONU renovou nesta terça-feira o mandato da missão internacional à Líbia (UNSMIL) e anunciou que nos próximos dias preencherá a vaga deixada meses atrás por seu último enviado especial, Ghassam Saleme.
Tanto Bruxelas quanto o organismo internacional vêm tentando há semanas elevar a figura política de Aquilah Saleh, presidente do Parlamento eleito em 2014, que se mudou para a cidade de Tobrouk porque não foi reconhecido pelo governo então em vigor em Trípoli e estava dividido por sua opinião diferente sobre o processo de paz lançado pela ONU.
A renúncia de Al-Sarraj vem em meio a protestos populares sobre a fome em Trípoli, que também revelaram a luta pelo poder dentro do GNA, e em particular entre o círculo do presidente do Conselho e o do ministro do Interior, Fathi Bashaga.
O próprio Al-Sarraj demitiu Bashaga e abriu uma investigação sobre ele no início deste mês por causa da repressão violenta dos protestos de uma das milícias ligadas ao Ministério do Interior. O ministro foi liberado apenas três dias depois e voltou ao seu posto, do qual controla a segurança da capital.
Protestos sobre cortes diários de eletricidade, escassez de gás natural, água corrente e combustível também foram repetidos nas principais cidades do leste, que também foram violentamente reprimidas pelas milícias ligadas à energia elétrica.
Tanto Al Serraj quanto Saleh anunciaram um compromisso de cessar-fogo há duas semanas, mas este não foi aceito pelas forças no terreno, que continuam mobilizando tropas ao longo do eixo que forma o oásis de Al Jufrah e o porto de Sirte, uma nova frente de batalha em uma guerra que se intensificou há 14 meses com a entrada de mercenários - principalmente sírios e africanos - recrutados pela Turquia e pela Rússia.