DeepSeek: a startup chinesa que abalou o mercado global de inteligência artificial
Com baixo custo e código aberto, a nova IA chinesa desafia gigantes como Nvidia, Microsoft e Meta
Internacional|Do R7

O mercado tecnológico mundial foi sacudido após o lançamento da startup chinesa de inteligência artificial (IA) DeepSeek, que promete competir diretamente com gigantes do setor como Nvidia, Microsoft e Meta.
Embora tenha sido lançada apenas na última segunda-feira (20), seus impactos já são evidentes. As ações da Nvidia, maior fabricante de chips para IA do mundo, caíram 16%, resultando em uma perda de valor de mercado superior a US$ 500 bilhões (cerca de R$ 3 trilhões). Empresas como Microsoft e Google também registraram quedas acima de 3%.
O que é a DeepSeek?
A DeepSeek funciona como um chatbot, semelhante ao ChatGPT, permitindo que usuários escrevam textos, criem listas ou obtenham respostas para perguntas. No entanto, o grande diferencial está no custo.
Enquanto empresas globais investem bilhões de dólares no desenvolvimento de IAs avançadas, a DeepSeek afirma ter treinado seu modelo com apenas US$ 6 milhões (cerca de R$ 35 milhões). Além disso, utilizou chips Nvidia de gerações mais antigas, já que os mais recentes ficaram inacessíveis devido às sanções impostas pelos Estados Unidos à China.
Outro destaque da DeepSeek é seu código aberto, o que permite que desenvolvedores de qualquer lugar do mundo usem, modifiquem e aprimorem o sistema gratuitamente. Essa abordagem disruptiva democratiza o acesso à tecnologia e atraiu grande atenção global.
Criada em 2023 pelo engenheiro Liang Wenfeng, a DeepSeek teria superado as restrições americanas ao estocar uma grande quantidade de chips Nvidia antes da proibição de exportações para a China, em 2022. Esse estoque de componentes, ainda que antigos, teria sido suficiente para acelerar o desenvolvimento de sua IA.
Pontos de destaque e controvérsias
O modelo mais recente, DeepSeek-R1, demonstrou alto desempenho em tarefas como resolução de problemas matemáticos e criação de conteúdo. Porém, surgiram críticas. Usuários notaram que perguntas sobre temas “sensíveis” – como o regime comunista chinês, o Massacre da Praça da Paz Celestial ou a situação dos uigures em Xinjiang – não obtêm respostas claras.
Outro ponto preocupante é o armazenamento de dados. As informações dos usuários são guardadas na China, e os termos de uso incluem uma cláusula permitindo o uso desses dados para “melhorar o serviço”.
O jornal The New York Times destacou que a DeepSeek pode representar um risco, atuando como um possível “cavalo de Troia tecnológico” ao coletar informações sensíveis de usuários nos EUA e em outros países.
Reação dos Estados Unidos
A ascensão da DeepSeek ocorre em meio à intensa disputa tecnológica entre Estados Unidos e China. Em resposta, o presidente Donald Trump anunciou na semana passada um investimento de US$ 500 bilhões (quase R$ 3 trilhões) para fortalecer a liderança americana no setor de inteligência artificial.
Segundo Trump, esses recursos serão destinados ao que chamou de “o maior projeto de infraestrutura de IA da história”, com o objetivo de manter os Estados Unidos na vanguarda da inovação global.