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Deputados derrubam primeiro-ministro francês após três meses no cargo

Parlamentares da esquerda e da extrema-direita se uniram para destituir Michel Barnier

Internacional|Do R7

O primeiro-ministro da França, Michel Barnier Reprodução/Record News

O primeiro-ministro da França, Michel Barnier, foi destituído do cargo pelo Parlamento francês nesta quarta-feira (3). Deputados da esquerda e da extrema-direita se uniram para derrubar o governo de Barnier, que estava havia apenas três meses no cargo. Com um total de 331 votos a favor da moção apresentada pela aliança esquerdista NFP, ele foi destituído, segundo o jornal britânico The Guardian. Era necessária uma maioria de 288 dos votos.

Barnier, um veterano conservador, é agora obrigado a apresentar a sua demissão, e a do seu governo, ao presidente, Emmanuel Macron.

Com isso, o governo minoritário de Barnier perdeu um voto de desconfiança no parlamento, tornando-se a primeira administração a ser destituída desta forma desde 1962 e o governo de vida mais curta da história.

A decisão coloca à prova o governo do presidente Macron, que insistiu que cumprirá o resto do mandato até 2027, apesar dos crescentes pedidos da oposição por sua saída em meio à turbulência. No entanto, Macron precisará nomear um novo primeiro-ministro pela segunda vez após as perdas de seu partido nas eleições legislativas de julho.


Macron, voltando de uma visita presidencial à Arábia Saudita, disse que as discussões sobre sua possível renúncia eram “política de faz de conta”, de acordo com relatos da mídia francesa. “Estou aqui porque fui eleito duas vezes pelo povo francês”, disse Macron. Ele também teria dito: “Não devemos assustar as pessoas com essas coisas. Temos uma economia forte.”

O primeiro-ministro havia dito antes da votação que estava pronto para continuar no cargo e que se orgulhava de “construir ao invés de destruir”, em discurso no Parlamento nesta quarta-feira, antes da votação que derrubou o político francês.


”A realidade orçamentária não desaparecerá pelo encanto de uma moção de censura”, afirmou ao demonstrar preocupação com possíveis “graves consequências” da medida. No entanto, Barnier disse que não tem medo da possibilidade de ser deposto e que cada um dos parlamentares é responsável por “todos”.

Para entender

Barnier perdeu o posto por ter aprovado um projeto de lei orçamentária sem a votação dos parlamentares nesta segunda-feira (2). Partidos de esquerda e extrema-direita protestaram contra a medida e prometeram aprovar o voto de desconfiança.


Ao explicar sua decisão de aprovar o orçamento sem votação, o primeiro-ministro disse aos parlamentares que os franceses não “perdoariam os políticos por colocar os interesses individuais à frente do futuro da nação”.

Barnier poderia ter deixado o projeto de lei ir para votação, e isso teria continuado o processo legislativo. Mas o governo está enfrentando um prazo constitucionalmente determinado para finalizar o orçamento até o final do ano. O governo tentou negociar uma aprovação do orçamento com partidos opositores, mas o primeiro-ministro avaliou que não seria possível.

O primeiro-ministro foi nomeado por Macron em uma tentativa de quebrar o impasse que tomou conta do Parlamento desde as eleições antecipadas. Mas a mudança enfureceu a Nova Frente Popular, que tem a maioria dos assentos e é profundamente contrária às políticas econômicas do governo. A esquerda prometeu derrubar o governo de Barnier, mas precisava dos votos da extrema-direita para isso.

A Assembleia Nacional, a câmara baixa do Parlamento da França, está profundamente fragmentada, sem um único partido detendo a maioria. Ela compreende três blocos principais: os aliados centristas de Macron, a coalizão de esquerda Nova Frente Popular e o Reagrupamento Nacional (RN), de extrema-direita. Ambos os blocos de oposição, normalmente em desacordo, se uniram contra Barnier, acusando-o de impor medidas de austeridade e não atender às necessidades dos cidadãos.

*Com agências internacionais

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