Dinossauros carnívoros compartilhavam ‘bebedouros’ com suas presas, diz pesquisa
Pegadas fossilizadas revelam que ancestrais do Tiranossauro rex e gigantes herbívoros se reuniam em lagoas na Escócia
Internacional|Do R7
Há 167 milhões de anos, no que hoje é a Ilha de Skye, na Escócia, enormes dinossauros carnívoros e suas presas herbívoras compartilhavam os mesmos poços de água, revela uma nova pesquisa conduzida por cientistas da Universidade de Edimburgo.
O estudo mostra que os megalossauros — ancestrais do temido Tiranossauro rex — e os saurópodes de pescoço longo, gigantes que chegavam a ser três vezes maiores que um elefante, circulavam lagoas rasas de água doce em um comportamento surpreendentemente, semelhante ao de animais que hoje se reúnem em bebedouros.
O estudo, publicado nesta quarta-feira (3) na revista PLOS One, analisou mais de 130 pegadas fossilizadas encontradas em Prince Charles’s Point, na Península Trotternish, costa norte de Skye.
O local, que leva o nome do Príncipe Charles — figura histórica que buscou refúgio na região após a Batalha de Culloden, em 1746 —, tornou-se um dos maiores sítios de pegadas de dinossauros da Escócia.
As marcas, preservadas em “detalhes requintados”, foram descobertas inicialmente há cinco anos por um estudante da Universidade de Edimburgo e, desde então, têm revelado segredos do Jurássico Médio, um período crucial na evolução dos dinossauros.
Tone Blakesley, principal autor do estudo e mestre pela universidade escocesa, liderou a pesquisa, que utilizou drones para capturar milhares de imagens aéreas, transformadas em modelos 3D das pegadas. “Foi muito emocionante”, disse ele à emissora norte-americana CNN.
Segundo Blakesley, as pegadas, antes confundidas com tocas de peixes devido à sua aparência rasa, indicam que os saurópodes caminhavam lentamente, a cerca de 2,5 km/h — metade da velocidade média humana —, usando seus longos pescoços para se alimentar de coníferas. Já os megalossauros, carnívoros “do tamanho de um jipe”, moviam-se mais rápido, a cerca de 8 km/h, possivelmente em busca de presas ou abrigo.
Apesar de compartilharem o mesmo espaço, não há evidências de que predadores e presas interagissem diretamente nas lagoas. “Seria um desastre para os saurópodes se isso acontecesse. A tentação do almoço teria sido demais para os terópodes”, brincou Blakesley.
Na época, o clima subtropical quente e úmido de Skye, bem diferente do frio atual, abrigava um estuário de rio com várias lagoas, criando um cenário “surreal”, nas palavras do pesquisador.
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