Ardern pode ser reeleita em vitória histórica, apontam pesquisas
Fiona Goodall/Pool via REUTERS - 22.9.2020
A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, é uma das favoritas nas eleições de sábado (17), nas quais o Partido Trabalhista tem a chance de uma vitória histórica que lhe permitiria governar sozinha e daria ao novo governo uma virada à esquerda.
De acordo com as duas pesquisas mais recentes, os Trabalhistas podem ganhar entre 59 a 61 cadeiras das 120 que compõem o Parlamento da Nova Zelândia, levantando a questão se eles precisarão se aliar ao Partido Verde ou obter uma maioria absoluta que lhes permita formar o primeiro governo sem coalizão em mais de duas décadas.
“Estou usando cada hora que falta para lembrar as pessoas de votarem”, destacou Ardern em fotos postadas no Facebook em que apareceu cercada de apoiadores nesta sexta-feira (16), véspera das eleições, que serão acompanhadas de dois referendos sobre a legalização da maconha de forma recreativa e a eutanásia.
Por sua vez, a rival Judith Collins apareceu em um vídeo carregando faixas de seu Partido Nacional acompanhada por vários de seus candidatos na cidade de Auckland, na tentativa de atrair o voto dos indecisos e conservadores que simpatizam com as formações minoritárias.
Apesar de favoritismo, especialistas alertam que imprevistos acontecem
AAP Image/David Rowland via REUTERS - 3.10.2020Segundo as pesquisas, o Partido Nacional ganharia entre 40 e 41 das cadeiras, enquanto o Verde e o liberal ACT garantiriam uma representação parlamentar menor.
O grande perdedor seria o New Zealand First, atual parceiro dos Verdes da coalizão governante, que obteria 3% dos votos, abaixo do mínimo obrigatório de 5% para entrar no Parlamento.
Se Ardern obtiver maioria absoluta, "um governo mais transformador poderia ser visto", disse à Efe Jennifer Lees-Marshment, especialista em gestão política da Universidade de Auckland, que foi cautelosa ao lembrar que pesquisas preliminares tiveram "resultados inesperados" no passado, como a vitória de Donald Trump ou o Brexit em 2016.
Lees-Marshment, autor de quinze livros, também alertou que "pode haver acontecimentos imprevistos porque os Verdes têm problemas para manter o apoio de suas bases, já que as decisões que adotaram como parte da coalizão de governo foram contra seus princípios.”
Como em todas as partes do mundo, o coronavírus teve um grande impacto econômico na Nova Zelândia, cujo governo foi elogiado mundialmente por sua gestão rápida e eficaz da pandemia, que incluiu confinamentos estritos e o fechamento de fronteiras internacionais.
Mesmo com o surto do coronavírus em meados de agosto na cidade de Auckland, quando a Nova Zelândia tinha chegado a 102 dias sem infecções locais, o país acumula apenas 1.524 casos, que incluem 25 óbitos, bem abaixo dos números de países desenvolvidos.
Ardern capitaliza este sucesso com a promessa eleitoral de que continuará a fornecer "estabilidade, continuidade e certeza" com um plano de recuperação econômica que se concentra em "pessoas, empregos, infraestrutura, comércio global e conexões."
Lees-Marshment observou que embora Ardern ganhe "respeito pela liderança que demonstrou em tempos de crise", os neozelandeses não estão esquecendo suas promessas quebradas, como tornar a moradia mais acessível ou eliminar a pobreza infantil, e eles se perguntam sobre sua "habilidade de fazer grandes reflexões pós-cobiça".
"Ainda não terminei", disse Ardern no debate eleitoral de quinta-feira contra Collins, enfatizando que, para alcançar "mudanças reais e transformadoras, é necessário tomar medidas que unam as pessoas" para chegar a um consenso.
Rival de Ardern, Judith Collins, mira em conservadores e indecisos
Fiona Goodall/Pool via REUTERS - 22.9.2020
Ardern também prometeu avançar em cinco anos sua meta de 100 por cento da eletricidade sendo gerada por energia renovável, bem como a eliminação progressiva de plásticos difíceis de reciclar até 2025.
Por sua vez, o Partido Nacional vai privilegiar os incentivos à promoção dos veículos elétricos, embora procure reverter a proibição da exploração de hidrocarbonetos e promover a mineração responsável, no âmbito de um plano de governo que inclui investimentos em infraestruturas e redução de impostos.
Da mesma forma, Ardern sublinhou que, se chegar a um segundo mandato, não introduzirá o polêmico imposto sobre o patrimônio do Partido Verde para tributar um por cento sobre a renda que exceda 659.650 dólares neozelandeses, cerca de R$ 2,4 milhões.