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Entenda por que a China é um dos países mais poluidores do mundo

Cenário envolve aspectos como baixo custo de produção, mão de obra barata e menos restrições para a construção de indústrias

Internacional|Sofia Pilagallo*, do R7

Uma usina de carvão nos arredores de Zhengzhou, na província de Henan
Uma usina de carvão nos arredores de Zhengzhou, na província de Henan

Um ranking divulgado pelo World Resources Institute (WRI) mostra que, em 2020, a China foi o país do mundo que mais emitiu gases poluentes que contribuem para o aumento do aquecimento global.

O dado não se configura como uma grande surpresa, segundo o professor e pesquisador do Departamento de Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Wilson Roseghini, uma vez que muitos produtos disponíveis no mercado trazem a etiqueta "Made in China" ("Feito na China").

Para o especialista, é preciso entender o contexto histórico e econômico que fez a China alcançar o patamar atual e se tornar o grande provedor de produtos manufaturados para o restante do planeta. Isso envolve uma série de aspectos como custo de produção, mão de obra mais barata e menos restrições legais para a construção de indústrias.

"Os salários são menores na China e, por essa razão, o país tem mão de obra barata e custo mais baixo para a produção e a terceirização de uma série de serviços. Esse processo ocorreu sobretudo nas décadas de 1980 e 1990, quando muitas empresas, principalmente dos Estados Unidos, se instalaram na China para produzir equipamentos e outros insumos para exportar para o restante do mundo. Outra questão é que lá há menos restrições para desapropriar certas áreas e desmatar florestas para construir indústrias", afirma Roseghini.


O professor ressalta que o cenário atual é um pouco diferente. Hoje, a China é altamente pressionada a produzir de forma mais limpa, devido às mudanças climáticas. Existe também um movimento no sentido de distribuir as forças do mercado internacional. Durante seu mandato, o ex-presidente dos EUA Donald Trump, por exemplo, "repatriou" uma série de empresas americanas, como Samsung e Apple, fazendo com que voltassem ao país de origem.

Para Roseghini, a China conseguiria, sim, produzir de forma mais limpa e, ainda assim, manter a economia do país aquecida — mas esse é um processo lento e gradual que não acontece do dia para noite. Vale lembrar que, se a economia chinesa vai mal, a economia do restante do planeta também vai.


"Nós temos que imaginar, de forma simplificada, dois grandes pesos nessa balança: Estados Unidos e China. De um lado, o país que mais consome no mundo e, do outro, o que mais produz. Se os Estados Unidos diminuem o consumo, a China quebra. Se a China diminui a produção, os EUA quebram. E, claro, isso é sentido em todas as partes do globo", diz.

Eis então o grande desafio que se apresenta para a China: manter a economia aquecida enquanto melhora as fontes de energia e tenta racionalizar a produção. O professor acredita que a segunda tarefa é um pouco menos complexa do que a primeira, uma vez que não é do interesse da China que os países parem de consumir produtos chineses. Já a primeira é mais simples de contornar e há algumas medidas que vêm sendo tomadas nesse sentido.


Atualmente, a matriz energética da China é baseada sobretudo no carvão mineral, que é altamente poluidor, além de outros combustíveis fósseis, como carvão vegetal, gás natural e petróleo. De uns anos para cá, no entanto, o país tem investido em usinas hidrelétricas, uma vez que lá há rios de grande porte, além de energia eólica e instalação de painéis solares.

*Estagiária do R7 sob supervisão de Fábio Fleury

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