“Nenhum grupo, partido ou seita deve se sentir inseguro ou excluído no futuro da Síria”. A frase não vem de nenhum integrante do governo sírio ou do grupo militante islâmico que destituiu Bashar al-Assad do poder. Mas de uma coalizão árabe, com o objetivo claro de que uma nova guerra civil na Síria se espalhe pela região.O Catar anunciou que os estados árabes vão iniciar um diálogo abrangente com todas as forças presentes no país. A ideia é garantir que qualquer transição política seja inclusiva para todos os sírios, independentemente de sua etnia ou afiliação política. Pelo menos é a promessa do Ministério das Relações Exteriores do Catar.Majed al-Ansari, porta-voz da pasta, fez a declaração após uma reunião de líderes árabes em Doha, convocada para avaliar o colapso repentino do regime do presidente Bashar al-Assad. Al-Ansari enfatizou que os estados árabes são gratos porque, segundo ele, os combates que precederam a queda de Assad foram limitados.Isso facilitaria a intervenção de atores internacionais antes que novos confrontos possam acontecer. Por enquanto, garante Al-Ansari, serviços como policiamento, fornecimento de água e eletricidade, funcionam. E isso evitaria um derramamento de sangue.Nos bastidores, porém, a situação é bem mais complicada. O grupo militante islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS), responsável por retirar Assad do poder, ordenou o recolhimento da população na capital Damasco e outras cidades.Como o Catar era opositor ao regime de Assad, a inclusão do HTS nas discussões sobre o futuro da Síria foi cogitada por Al-Ansari, Ele afirmou que o grupo demonstrou uma postura madura recentemente e que poderia ser um ator racional no futuro. Mas que a população síria deve decidir sobre isso e outros assuntos, como a presença de Assad em um tribunal criminal internacional e o destino das bases russas no país.Al-Ansari ressaltou a importância de coordenar essas forças para evitar conflitos internos, sem dar qualquer indício de que força militar vai tomar conta da Síria. E destacou a urgência de uma transição para um estado estável que reflita os sacrifícios do povo sírio.O representante dos Estados árabes pediu a ajuda da Turquia, onde estão muitos refugiados sírios, e de Israel, que faz fronteira com o país. Ele pediu para os israelenses evitarem ações antes do início do diálogo nacional.“Assad perdeu todas as oportunidades de diálogo e reconciliação”, disse al-Ansari, afirmando que a justiça transicional deve ser buscada quando houver um ambiente propício. Quanto ao paradeiro de Assad, ele confirmou que o ex-líder sírio deixou a cidade, mas não há informações sobre seu destino final.