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Estados árabes propõem conversa com forças sírias para evitar nova guerra civil

Objetivo da iniciativa, anunciada pelo Catar, é tentar uma “transição pacífica" após a queda do regime de Bashar al-Assad

Internacional|Do R7, em Brasília

Rebeles comemoram a queda do regime de Assad em Damasco, capital da Síria Revista Oeste/Reprodução

“Nenhum grupo, partido ou seita deve se sentir inseguro ou excluído no futuro da Síria”. A frase não vem de nenhum integrante do governo sírio ou do grupo militante islâmico que destituiu Bashar al-Assad do poder. Mas de uma coalizão árabe, com o objetivo claro de que uma nova guerra civil na Síria se espalhe pela região.

O Catar anunciou que os estados árabes vão iniciar um diálogo abrangente com todas as forças presentes no país. A ideia é garantir que qualquer transição política seja inclusiva para todos os sírios, independentemente de sua etnia ou afiliação política. Pelo menos é a promessa do Ministério das Relações Exteriores do Catar.

Majed al-Ansari, porta-voz da pasta, fez a declaração após uma reunião de líderes árabes em Doha, convocada para avaliar o colapso repentino do regime do presidente Bashar al-Assad. Al-Ansari enfatizou que os estados árabes são gratos porque, segundo ele, os combates que precederam a queda de Assad foram limitados.

Isso facilitaria a intervenção de atores internacionais antes que novos confrontos possam acontecer. Por enquanto, garante Al-Ansari, serviços como policiamento, fornecimento de água e eletricidade, funcionam. E isso evitaria um derramamento de sangue.


Nos bastidores, porém, a situação é bem mais complicada. O grupo militante islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS), responsável por retirar Assad do poder, ordenou o recolhimento da população na capital Damasco e outras cidades.

Como o Catar era opositor ao regime de Assad, a inclusão do HTS nas discussões sobre o futuro da Síria foi cogitada por Al-Ansari, Ele afirmou que o grupo demonstrou uma postura madura recentemente e que poderia ser um ator racional no futuro. Mas que a população síria deve decidir sobre isso e outros assuntos, como a presença de Assad em um tribunal criminal internacional e o destino das bases russas no país.


Forças internas, Turquia e Israel

Al-Ansari ressaltou a importância de coordenar essas forças para evitar conflitos internos, sem dar qualquer indício de que força militar vai tomar conta da Síria. E destacou a urgência de uma transição para um estado estável que reflita os sacrifícios do povo sírio.

O representante dos Estados árabes pediu a ajuda da Turquia, onde estão muitos refugiados sírios, e de Israel, que faz fronteira com o país. Ele pediu para os israelenses evitarem ações antes do início do diálogo nacional.

“Assad perdeu todas as oportunidades de diálogo e reconciliação”, disse al-Ansari, afirmando que a justiça transicional deve ser buscada quando houver um ambiente propício. Quanto ao paradeiro de Assad, ele confirmou que o ex-líder sírio deixou a cidade, mas não há informações sobre seu destino final.

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