A Força Espacial dos Estados Unidos acusou a China de realizar manobras de “combate” com satélites na órbita baixa da Terra, em uma demonstração que evidencia o avanço tático e tecnológico do país asiático no domínio espacial. A declaração foi feita na terça-feira (18) pelo vice-chefe de operações espaciais, o general Michael Guetlein, durante uma conferência de defesa em Washington. Segundo ele, sistemas comerciais americanos observaram “cinco objetos diferentes no espaço manobrando para dentro e para fora e ao redor um do outro em sincronia e controle”.Guetlein descreveu as ações como uma espécie de “briga de cães” espacial -- termo geralmente usado pelos norte-americanos para combates aéreos entre caças -- e afirmou que os chineses estão “praticando táticas, técnicas e procedimentos para operações espaciais em órbita de um satélite para outro”.Um porta-voz da Força Espacial detalhou que as manobras envolveram três satélites experimentais Shiyan-24C e duas outras espaçonaves, Shijian-605 A e B, em uma operação realizada em 2024. Os satélites Shijian-6 são associados a missões de inteligência de sinais, enquanto o exercício, segundo analistas ouvidos pela CNN, demonstram a capacidade chinesa de realizar operações complexas de encontro e proximidade, como navegar e inspecionar objetos em órbita.Os comentários de Guetlein refletem a preocupação norte-americana com a ascensão da China como potência espacial. Nas últimas décadas, o país asiático tem investido em programas ambiciosos de exploração lunar e em tecnologias antiespaciais.O general disse que, entre as capacidades chinesas, há tecnologias usadas como bloqueadoras de sinais, lasers para ofuscar satélites de vigilância e manobras para agarrar e deslocar satélites para outras órbitas.“Este é o ambiente estratégico mais complexo e desafiador que já vimos em muito tempo, se não nunca”, disse Guetlein. “Precisamos de capacidades para dissuadir e, se necessário, derrotar a agressão”, completou.A China não é a única na mira dos EUA. Guetlein mencionou um caso de 2019, quando a Rússia lançou uma espaçonave a partir de um satélite que realizou manobras de perseguição próximas a um satélite norte-americano.Embora o objetivo exato das manobras chinesas não tenha sido esclarecido -- e alguns especialistas questionem o termo “combate” --, analistas alertam que tecnologias antiespaciais podem ter consequências graves. A destruição ou desativação de satélites poderia interromper comunicações, operações militares, como detecção de mísseis, e sistemas de navegação globais, afetando desde serviços bancários até o transporte de cargas e emergências médicas.