EUA: Itamaraty diz que 39 crianças brasileiras já estão com pais
Algumas instituições estão ajudando as famílias brasileiras que desejam continuar nos EUA; imigrantes de outros países dizem ter sido enganados
Internacional|Beatriz Sanz, do R7, com Reuters
O Itamaraty afirmou que 39 crianças brasileiras já foram reunidas com seus pais ou responsáveis. Outras 10 crianças ainda estão aguadando em abrigos em Houston e em Chicago.
O prazo dado pela Justiça para que o governo dos EUA pudesse reunir todos os menores separados de suas famílias acaba nesta quinta-feira (26).
O governo brasileiro garante que a maioria das famílias não quer voltar. "Escapa, obviamente, à competência do governo brasileiro obrigar crianças e familiares a retornarem ao Brasil", diz a nota divulgada pelo Itamaraty. As famílias aguardam pedidos de asilo nos Estados Unidos.
Para ajudar nesse processo algumas instituições jurídicas que trabalham de graça estão ajudando os brasileiros no processo.
Crianças não reunidas
Parte das crianças não foi devolvida aos pais porque eles foram considerados "inelegíveis" pelo governo. São cerca de 500 pais que estão nessa situação.
Outros 463 já foram deportados sem seus filhos.
A União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês), associação de liberdades civis que processou o governo, diz que essa é uma decisão "unilateral" e criticou as ações do Departamento de Justiça.
Pais enganados e deportados
Dezenas de pais imigrantes foram coagidos ou enganados por autoridades dos Estados Unidos na fronteira com o México a assinaram formulários aceitando serem deportados rapidamente sem seus filhos, disseram advogados nesta quarta-feira em documento judicial.
"Eles me mostraram um formulário e me disseram que eu precisava assinar o formulário para que pudesse reencontrar com meu filho", disse um solicitante a asilo hondurenho identificado somente como H.G.A. em testemunho apresentado na Corte Distrital dos EUA em San Diego.
Outros pais que eram analfabetos ou falavam somente línguas indígenas disseram não terem conseguido entender os formulários quando estavam assinando.
A advogada Sofia Reive disse em declaração que se encontrou no fim de semana com nove pais em uma lista fornecida pelo governo dos EUA de pais que haviam dispensado reencontrarem com seus filhos.
Todos os pais, disse Reive, "não tinham ideia de que haviam assinado um documento que abandonava quaisquer direitos de reencontrarem com os filhos".
A ACLU apresentou afirmações de advogados que entrevistaram imigrantes e um relato de um imigrante para apoiar sua moção pedindo para o juiz distrital Dana Sabraw suspender deportações de pais por sete dias após seus filhos serem devolvidos a eles.
Advogados do governo disseram não acreditar que o tribunal possui jurisdição para emitir uma ordem adiando deportações. Eles também defenderam a maneira que o governo lidou com as reunificações até o momento, dizendo que a representação da ACLU do processo como caótico é inexata.
"Nós temos muitas razões para estarmos orgulhosos", disse Scott Stewart, um advogado do Departamento de Justiça dos EUA, ao juiz em tribunal na terça-feira.