Ex-auxiliar conta como Chapo mandou matar o próprio primo
Conhecido como 'El Licenciado', capanga de Chapo ajudou a planejar fuga que tirou o traficante de prisão de segurança máxima em 2001
Internacional|Fábio Fleury, do R7
![Ex-parceiro contou como Chapo mandou matar o próprio primo em 2011](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/MC6NYIUPKROQNK3BSADBHN5DEA.jpg?auth=a110fd21b5df7aeac77d58c75ec3627f89531c4a2a3538347879a8ecf1dd0040&width=1500&height=1078)
A fuga da penitenciária de segurança máxima de Puente Grande, em 2001, dentro de um carrinho de lavanderia, é um dos episódios mais marcantes da trajetória do traficante mexicano Joaquín "El Chapo" Guzmán.
O homem que planejou tudo virou testemunha contra o chefão nesta terça-feira (22). E contou como ele mandou matar o próprio primo, em 2011, por supostamente se voltar contra o cartel de Sinaloa
"El Licenciado"
Damaso López Nuñez era sub-chefe de segurança de Puente Grande quando foi corrompido por Chapo e se transformou em seu maior aliado dentro da prisão, deixando que ele tivesse acesso a celulares e visitas íntimas.
Depois da fuga do traficante, se tornou membro do cartel de Sinaloa, com uma trajetória meteórica. Dentro da organização, era conhecido como "El Licenciado" ("O diplomado", em espanhol), por ser formado em Direito.
Quando Guzmán foi preso pela última vez em 2016, Damaso chegou a se tornar o principal líder da organização. Ele, no entanto, foi detido no México em 2017 e extraditado para os EUA.
Corrupção e assassinatos
Nesta terça, o depoimento de Damaso López girou principalmente em torno de corrupção e assassinatos. Ele respondeu perguntas da acusação sobre pelo menos quatro homicídios, além de falar sobre subornos a policiais, militares e políticos.
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Ele afirmou que tinha dois 'funcionários', que identificou como Javi e Roberto, que faziam as ligações com o exército, a polícia federal e o o Ministério Público mexicanos.
Javi pagava propinas num total de US$ 100 mil (cerca de R$ 380 mil) por mês. No caso de Roberto, o valor mensal superava o US$ 1 milhão (cerca de R$ 3,8 milhões).
Mensagens para matar
Em uma troca de mensagens exibida pela promotoria na audiência, Damaso e Chapo discutiam o apoio a uma prefeita do estado de Baja Califórnia, que pretendia ser governadora na eleição de 2013 e queria a ajuda do cartel.
Ela pediu a El Licenciado que um policial, que era contra sua eleição, fosse assassinado. Chapo, em sua resposta a Damaso, mostrou total apoio ao pedido.
"Sim, ela é a favorita (na eleição) e deveríamos fazer esse favor. Talvez, quando o policial esteja saindo de casa, como se fosse a vingança de algum membro de gangue. Ele não deve ser visto. E não deve usar um fuzil, mas uma pistola, para não parecer tão violento", escreveu o chefão.
Morte em família
Outro crime discutido no julgamento foi o assassinato de Juan Guzmán Rocha, conhecido como "Juancho". Ele era primo de Chapo e, em dezembro de 2011, foi sequestrado, espancado e morto por homens do cartel de Sinaloa.
O motivo exato do assassinato não foi revelado na audiência desta terça, mas Damaso contou que estava com Chapo quando ele ordenou que seus homens capturassem e matassem Juancho, na cidade de Culiacán.
Segundo o depoimento, tanto Juancho quanto seu principal auxiliar, Guero Bastidas, foram mortos pelo cartel e seus corpos foram abandonados em uma estrada próxima a Culiacán.