Fidel elogia Coreia do Norte; ONU inspeciona carregamento de armas
Internacional|Do R7
HAVANA, 14 Ago (Reuters) - A Coreia do Norte deu a Cuba um extenso apoio militar nos anos 1980, disse o ex-presidente Fidel Castro nesta quarta-feira, enquanto a Organização das Nações Unidas investiga um carregamento de armas cubanas descoberto no mês passado escondido em um navio norte-coreano.
Fidel, que fez 87 anos na terça-feira e raramente é visto ou escutado em público ultimamente, expôs seus pensamentos sobre diversos temas em uma coluna datada de terça-feira e publicada em toda a mídia oficial nesta quarta. Os tópicos incluem a origem do homem, as relações com a União Soviética, o assassinato do presidente norte-americano John Kennedy e a morte do líder venezuelano Hugo Chávez.
Uma equipe da ONU desembarcou no Panamá nesta semana para verificar a carga de 240 toneladas de "armamento defensivo obsoleto" que Cuba admitiu estar a bordo da embarcação norte-coreana, apreendida por possíveis violações de sanções internacionais ao país asiático.
O Panamá apreendeu o navio em meados de julho enquanto ele seguia de Cuba para o canal com uma carga de 320.000 sacos de açúcar cubano, que escondiam as armas.
Cuba disse que as armas estavam sendo enviadas de volta à Coreia do Norte para reparos e incluíam duas baterias antiaéreas, nove foguetes desmontados e duas aeronaves MiG-21, armamentos militares da era soviética construídos na metade do século passado.
Fidel, talvez em um esforço para explicar os laços próximos de seu país com a Coreia do Norte, disse na quarta-feira que Cuba voltou-se a seus amigos em busca de apoio militar nos anos 1980, depois que o líder soviético Yuri Andropov deixou claro que não iria intervir se Cuba fosse atacada pelos Estados Unidos.
"Decidimos pedir a outros amigos armas suficientes para abastecer um milhão de combatentes cubanos", escreveu Fidel.
"O camarada Kim Il Sung (que morreu em 1994), um soldado veterano e exemplar, nos enviou 100.000 fuzis AK com munição sem cobrar um centavo", disse.
As autoridades cubanas mantiveram-se silenciosas sobre a apreensão da embarcação norte-coreana pelo Panamá, mas não Fidel Castro, que cedeu o poder a seu irmão Raúl depois de adoecer em 2006.
Em carta a vários presidentes latino-americanos que compareceram a cerimônias em 26 de julho marcando o 60º aniversário do início da revolução, ele disse que o incidente estava sendo usado para difamar Cuba.
"Em dias recentes houve uma tentativa de difamar nossa Revolução, tentando mostrar que (o presidente Raúl Castro) tentava enganar as Nações Unidas e outros chefes de Estado", escreveu Fidel em 26 de julho.
(Reportagem de Marc Frank)