'Fiquei em choque', diz professora de menino preso em caverna
Omo Pansurin dá aulas de matemática a Ekarat Wongsukjan, de 14 anos. Ela soube do desaparecimento pela internet e torce por sucesso em resgate
Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7
Foi por um site de notícias do distrito de Mae Sai, na província de Chiang Rai, ao norte da Tailândia, que a professora Omo Pornphimon Pansurin soube que 12 garotos de um time de futebol e seu treinador estavam presos em uma caverna inundada na região. "Quando vi a foto, fiquei em choque", diz a tailandesa de 23 anos em mensagem enviada ao R7.
Um dos meninos desaparecidos, o adolescente Ekarat Wongsukjan, de 14 anos, é aluno de Omo na escola Daroonrajwittaya — que fica a menos de 3 km da caverna Tham Luang.
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Ekarat é o garoto de sorriso tímido que aparece em primeiro plano em uma das primeiras imagens divulgadas pela Marinha tailandesa pouco depois da localização do grupo, na última segunda-feira (2).
Quando solicitada pelo R7 a identificar o menino em uma foto, Omo, que leciona matemática, circula o rosto do adolescente com um coração. "Ekarat é um garoto bom que ajuda os professores e outras pessoas. Ele gosta de estudar tanto quanto de jogar futebol. E também é um sucesso nas aulas de música da escola."
Apoio aos meninos
A julgar pelas postagens mais recentes da professora nas redes sociais, a rotina na instituição de ensino não foi mais a mesma desde que o caso dos meninos presos na caverna ganhou as manchetes dentro e fora da Tailândia.
Os funcionários da escola têm aparecido na mídia local e gravaram uma entrevista para a rede de notícias americana ABC News. Omo já falou à CNN. O dia a dia dos alunos também mudou. Eles se unem em correntes de oração antes das atividades escolares. "Todos se concentram e pedem que seu colega e os amigos dele voltem com segurança", relata a tailandesa.
Fotos feitas pela professora mostram templos ao ar livre e salas de aula, onde alunos da educação infantil e adolescentes uniformizados se sentam de olhos fechados no que parecem ser momentos de meditação.
Nos corredores de Daroonrajwittaya, lousas e murais foram abarrotados com desenhos e mensagens de força para os garotos na caverna e as equipes de resgate. "Eu e os alunos apreciamos muito o trabalho da Marinha", diz Omo.
Resgate difícil
As dúvidas sobre como os meninos com idades entre 11 e 16 anos serão retirados de dentro da caverna perturbam autoridades e socorristas desde o dia em que o grupo foi encontrado. São necessárias pelo menos 11 horas para completar o trajeto de ida e volta entre a entrada de Tham Luang e o ponto onde os adolescentes e seu técnico de futebol estão abrigados.
Por conta das fortes chuvas que atingem a região, o caminho conta agora com trechos de água até o teto. Inicialmente, os oficiais consideravam que os meninos teriam de aprender a mergulhar ou esperar meses até que as cheias retrocedessem.
Mas a morte de um mergulhador da Marinha por falta de ar nesta sexta-feira (6) acabou por evidenciar os riscos da operação de resgate.
"Essa morte nos deixou muito preocupados com as crianças. Eu vejo a caverna no noticiário o tempo todo e estou muito ansiosa e nervosa com isso tudo", conta a professora do garoto Ekarat.
A apreensão aumentou ainda mais depois que o nível de oxigênio na caverna inundada desceu a 15%, segundo o chefe da Marinha no país, Aphakorn Yoo-kongkaew. "Originalmente, pensamos que os garotos poderiam ficar seguros dentro da caverna por um bom tempo, mas as circunstâncias mudaram", disse o oficial.
Por ora, as autoridades na Tailândia quebram a cabeça para achar uma maneira de salvar o grupo que está há 13 dias debaixo da terra. Até que resolvam a saída, Omo revela o que pretende dizer ao menino Ekarat assim que reencontrá-lo: "Sua professora está muito feliz por você ter voltado a estudar. Você foi forte."