Os gastos militares globais atingiram um recorde de US$ 2,46 trilhões (cerca de R$ 14 trilhões) em 2024, um aumento de 7,4% em relação ao ano anterior, de acordo com dados do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, em português) divulgados nesta quarta-feira (12).As informações, compiladas no estudo anual “Military Balance”, sugerem que o crescimento acelerado dos gastos está relacionado ao agravamento dos desafios de segurança e a intensificação de conflitos em diversas regiões do mundo.A Europa registrou um aumento de 11,7% nos gastos militares entre 2023 e 2024. A alta foi impulsionada principalmente pelo crescimento de 23,2% no orçamento em defesa da Alemanha, que investiu US$ 89 bilhões (cerca de R$ 513 bilhões) no setor no ano passado.Desde 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia, os países europeus passaram a investir mais em defesa, buscando atingir a meta mínima de investimento proporcional a 2% do PIB (Produto Interno Bruto) estipulada pela OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A Polônia, preocupada com a segurança regional, tornou-se o 15º maior gastador militar global. Nos últimos 10 anos, o exército do país saltou da nona para a terceira colocação no ranking dos maiores contingentes militares da Europa.O regime de Vladimir Putin, por sua vez, aumentou os investimentos militares em 41,9%, chegando à marca de US$ 145,9 bilhões (aproximadamente R$ 841 bilhões) no ano passado. O montante representa 6,7% do PIB russo, mais que o dobro dos níveis anteriores à invasão da Ucrânia, em 2022.Os Estados Unidos, por outro lado, tiveram gastos com defesa limitados durante o período por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal, de 2023. Ainda assim, o investimento foi enorme. As despesas com defesa aumentaram de US$ 920 bilhões (cerca de R$ 5,3 trilhões) para US$ 968 bilhões (R$ 5,4 trilhões) nos últimos dois anos.A reeleição de Donald Trump deve intensificar a pressão pelo aumento de investimentos militares não só nos EUA, mas também na Europa. Em janeiro, o republicano sugeriu que a meta mínima de gastos para os membros da OTAN deveria aumentar para 5% do PIB.Na região do Oriente Médio e Norte da África, os gastos militares cresceram quase 10% em 2024, puxados pelo aumento de 72,9% nos investimentos de Israel devido ao conflito com o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza. O setor de defesa da região também recebeu fortes aportes de países como a Argélia, que destinou 8,2% de seu PIB para a área.Na Ásia, os gastos militares seguiram uma tendência de crescimento moderado. O orçamento da China cresceu 7,4% em termos reais, bem acima da taxa média de crescimento do resto da região, que foi de 3,9%. O Japão e a Indonésia também registraram aumentos significativos.Apesar disso, aumentos orçamentários mais fortes em outros locais do mundo tornaram menor a participação regional da Ásia nos gastos globais nos últimos anos. Em 2021, a região representava 25,9% dos investimentos internacionais em defesa. No ano passado, esse índice caiu para 21,7%.Na América Latina e no Caribe, os gastos militares alcançaram US$ 59,5 bilhões (cerca de R$ 342 bilhões) em 2024, um crescimento de 4,1% em termos reais em relação ao ano anterior. Apesar do aumento, os orçamentos ainda não se recuperaram totalmente das quedas registradas durante a pandemia. Após quase sete anos de cortes contínuos em termos reais, os gastos com defesa na Argentina começaram a se estabilizar. No ano passado, o país assinou um contrato de US$ 300 milhões (aproximadamente R$ 1,7 bilhão) para adquirir 24 caças F-16 da Dinamarca.Em contrapartida, a África Subsaariana foi a única região que registrou redução nos gastos, com uma queda de 3,7%. As dificuldades econômicas e a desvalorização das moedas locais impactaram os orçamentos de defesa, especialmente na Nigéria. Por outro lado, Burkina Faso, Mali e Níger aumentaram significativamente seus investimentos militares. Os países fazem parte da Aliança dos Estados do Sahel, que busca redefinir a segurança regional. Em termos de dólares, enquanto o orçamento de defesa da Nigéria caiu em mais de 50%, Burkina Faso, Mali e Níger aumentaram seus orçamentos em 23,6%, 13,4% e 32,3%, respectivamente.