Incidente aéreo entre Rússia e EUA pode levar a uma Terceira Guerra Mundial?
Washington acusa russos de derrubar drone norte-americano, enquanto Moscou nega versão defendida pelo governo de Joe Biden
Internacional|Lucas Ferreira, do R7
A queda de um drone MQ-9 dos Estados Unidos, supostamente provocada por dois caças da Rússia SU-27 Flanker, adicionou na última terça-feira (14) mais um episódio problemático à difícil relação entre Washington e Moscou, agravada desde o início da guerra na Ucrânia.
Enquanto norte-americanos afirmam que o drone foi derrubado, russos se defendem e dizem que o veículo não tripulado dos EUA caiu sozinho no mar Negro.
O incidente entre as duas maiores potências militares do mundo suscitou o temor de um grande conflito armado, uma espécie de Terceira Guerra Mundial. Entretanto, para os especialistas entrevistados pelo R7, Washington e Moscou estão muito longe de um confronto desse tipo.
O professor de relações internacionais da ESPM Gunther Rudzit não acredita que os Estados Unidos utilizem armas para lidar com esse episódio dos caças russos.
“Não acredito que o governo americano vai responder militarmente, que é justamente evitar essa escalada. [Washington] não quer o enfrentamento entre as duas forças [armadas] porque isso levaria a uma guerra termonuclear que acabaria com a vida na Terra como a gente conhece”, explica Rudzit.
Pelo fato de o drone americano não ser tripulado, o professor de relações internacionais da Facamp James Onnig acredita que as futuras ações dos Estados Unidos serão mais brandas.
“Como não houve nenhuma baixa humana, como não houve sacrifício humano nessa história, talvez isso amenize um pouco a reação, mas afirmo: os EUA vão engrossar a voz”, ressalta Onnig.
E a Otan?
Em novembro de 2022, um suposto míssil russo atingiu a Polônia. Naquele dia, a especulação sobre a agressão russa se tornar um pretexto para a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) entrar na guerra na Ucrânia ganhou força.
Cinco meses depois, o incidente ficou para trás e a Aliança Atlântica continua apoiando financeiramente o combate, mas não colocou soldados dos países-membros em solo ucraniano ou russo.
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Da mesma forma, Onnig pensa que o caso do drone americano e dos caças russos não deve servir de pretexto para inserir a Otan no conflito.
“Os EUA vão considerar sim uma agressão, vão considerar como sendo um incidente agressivo”, diz o professor da Facamp. “Mas acho que a Otan não vai interferir nesse tipo de situação.”
Apesar de a temida Aliança Atlântica ficar de fora desse empasse entre Washington e Moscou, Rudzit vê que a manobra russa mostra que o governo de Vladimir Putin não teme uma escalada de tensões com o democrata Joe Biden.
“O incidente do abate [...] é uma resposta russa a esse envolvimento quase que direto americano na guerra na Ucrânia e que mostra que efetivamente o Kremlin está disposto a tomar medidas que possam vir a ter uma escalada.”