Um dos mais influentes membros terroristas do Hamas, Moussa Abu Marzouk, declarou que não teria apoiado o ataque de 7 de outubro de 2023 no sul de Israel se soubesse das consequências para a Faixa de Gaza. A entrevista, feita pelo jornal The New York Times na sexta (21), foi publicada nesta segunda-feira (24).O ataque de outubro, conduzido por milhares de terroristas do Hamas, resultou na morte de cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, e no sequestro de 251 reféns. Em meio à brutalidade do ataque, foram registrados atos de agressão sexual e execuções em massa. A ofensiva levou à guerra em Gaza, que devastou o enclave palestino, deixando dezenas de milhares de mortos.O conflito também impactou outras frentes, enfraquecendo o chamado “Eixo da Resistência” liderado pelo Irã, prejudicando os quadros do Hezbollah no Líbano e contribuindo para a instabilidade do regime sírio de Bashar al-Assad.“Se soubéssemos que isso aconteceria, não teria havido 7 de outubro”, disse Abu Marzouk, afirmando que, embora desconhecesse detalhes do plano inicial, não teria dado seu aval se soubesse das consequências.Poucas horas após o ataque, o líder terrorista do Hamas, Ghazi Hamad, declarou que o 7 de outubro seria “apenas o começo”, prometendo novas ofensivas até a destruição total de Israel.Nas últimas semanas, o Hamas e seus aliados continuaram a retratar a guerra contra Israel como uma “vitória” para a causa palestina.As palavras de Abu Marzouk foram contestadas pelo porta-voz do Hamas, Hazem Qassem. “O comportamento agressivo e destrutivo da ocupação é a verdadeira causa da destruição em Gaza. O épico de 7 de outubro foi um marco na luta palestina”, afirmou Qassem.Pouco depois, o grupo terrorista divulgou uma nota oficial afirmando que as declarações de Abu Marzouk foram “deturpadas e tiradas de contexto”.Na entrevista, Abu Marzouk afirmou estar aberto a discutir um possível desarmamento do Hamas. “Estamos prontos para falar sobre qualquer questão”, disse, sem dar detalhes sobre como o tema poderia ser negociado.A declaração de Marzouk diverge de posicionamentos recentes de outros líderes do grupo, como Osama Hamdan, que afirmou que as “armas da resistência” não estão em discussão. Questionado sobre isso, Abu Marzouk minimizou a divergência, dizendo que nenhum líder pode definir sozinho a agenda da organização terrorista.O porta-voz Qassem também rejeitou qualquer possibilidade de desarmamento: “A resistência em todas as suas formas é um direito legítimo do nosso povo até a libertação e o retorno”, afirmou.Sobre o cessar-fogo em vigor e as negociações para a libertação de reféns, Abu Marzouk disse estar aberto a estender a primeira fase do acordo, que está previsto para terminar no sábado (1).No entanto, Marzouk afirmou que os terroristas do Hamas exigirão a libertação de um número maior de prisioneiros palestinos em troca dos reféns israelenses.Moussa Abu Marzouk, nascido em 1951 em Rafah, na Faixa de Gaza, é um dos fundadores do Hamas e membro sênior do corpo político do grupo. Atualmente, ocupa o cargo de vice-chefe do comitê externo do grupo, que trata de negociações internacionais.Marzouk iniciou sua atividade política nos Emirados Árabes Unidos, onde ajudou a estabelecer uma filial da Irmandade Muçulmana Palestina. Posteriormente, mudou-se para os Estados Unidos, onde fundou diversas instituições islâmicas, incluindo algumas voltadas para a causa palestina. Ele também é um dos fundadores da Universidade Islâmica de Gaza.Foi deportado da Jordânia duas vezes, em 1995 e 1999, devido ao seu envolvimento com terroristas do Hamas e a Irmandade Muçulmana. Em 1995, foi extraditado para os EUA, onde ficou detido pelo FBI sem acusação formal até 1997, quando foi enviado de volta à Jordânia. Em 1999, foi novamente expulso e se estabeleceu na Síria, de onde saiu em 2012. Desde então, divide seu tempo entre Gaza, Egito e Catar.