A estátua do capitão britânico John Hamilton, responsável pelas mortes de Maoris durante conflito pela propriedade da terra no século 19, foi removida nesta sexta-feira (12) de uma praça da Nova Zelândia, em meio a crescentes reivindicações de povos indígenas locais e da Austrália. A remoção deste monumento, colocado em 2013 na cidade de Hamilton, na ilha norte, ocorreu depois que um morador Maori declarou publicamente que planejava derrubá-lo durante protestos antirracistas planejados nesta cidade no fim de semana. A prefeita Paula Southgate admitiu que "um número crescente de pessoas considera a estátua pessoal e culturalmente ofensiva. Não podemos ignorar o que está acontecendo ao redor do mundo", afirmou à "Radio New Zealand". A remoção da estátua de Hamilton - que morreu em 1864, durante batalha contra os Maoris - é parte de uma resposta mundial que desencadeada no início deste mês com a morte do americano George Floyd, um negro de 46 anos, e que provocou marchas contra o racismo e a retirada de símbolos ligados à opressão das minorias.Leia mais notícias no R7 sobre as reações ao racismo no mundo Na Nova Zelândia, cujo nome Maori é Aotearoa, existem centenas de estátuas relacionadas à colônia britânica, além de diversas ruas com nomes de personagens, incluindo comerciantes de escravos, em comparação com o reconhecimento quase zero dos Maoris. É por isso que a co-líder do Partido Maori, Debbie Ngarewa-Packer, pediu ontem ao governo de Jacinda Ardern para identificar e remover todos os monumentos e nomes de personagens racistas da era colonial. "Temos filhos, que crescem orgulhosos de quem são, aprendendo nossa história e depois vemos ruas e parques com nomes de racistas que mataram seus antepassados", disse a representante Maori, cujo povo assinou o Tratado de Waitangi com os colonos britânicos em 1940 para reconhecer seus direitos à terra. A remoção de estátuas de personagens como o traficante de escravos Edward Colston no Reino Unido ou Cristóvão Colombo nos Estados Unidos também ecoou na Austrália, onde os aborígines e os habitantes das Ilhas do Estreito de Torres foram vítimas de abuso e maus-tratos desde a colonização britânica no século XIX. Nesse país, o debate se concentrou na remoção da estátua do capitão James Cook, que chegou à Austrália em 1770 e a declarou "Terra Nullius" (terra desabitada), apesar da presença de aborígines há mais de 50 mil anos. O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, disse ontem à emissora de rádio "2GB" que Cook era "uma das pessoas mais esclarecidas de seu tempo", e atraiu a ira dos povos indígenas e acadêmicos quando disse que "não houve escravidão na Austrália".