Uma série de ataques violentos contra propriedades da Tesla, empresa de veículos elétricos do bilionário Elon Musk, tem chamado a atenção das autoridades norte-americanas, que investigam os casos como possíveis atos de terrorismo doméstico. O incidente mais recente ocorreu nas primeiras horas desta terça-feira (18), em um centro de serviços da companhia em Las Vegas. Coquetéis molotov e uma arma de fogo foram usados para incendiar veículos. A polícia também encontrou pichações com a palavra “resist” (“resista”, em português) nas portas do prédio.Cinco veículos foram danificados no ataque, dois deles completamente consumidos pelas chamas, disse o Departamento de Polícia Metropolitana de Las Vegas em uma publicação no X. O comunicado afirma que a Força-Tarefa Conjunta de Terrorismo do FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, assumiu a investigação do caso. O agente especial do FBI em Las Vegas, Spencer Evans, disse em entrevista coletiva na terça-feira que o episódio “tem características de um ataque terrorista”, embora ainda seja cedo para uma classificação definitiva, segundo a emissora Fox News. “Atos violentos como esse são inaceitáveis. Queremos que saibam que é um crime federal e que vamos encontrá-los e processá-los”, acrescentou.A polícia local disse que encontrou um coquetel molotov não aceso no local. Ela também acredita que o suspeito, vestido de preto, disparou ao menos três tiros contra diferentes Teslas. “Foi um ataque direcionado”, disse a xerife assistente Dori Koren, reforçando que, por enquanto, não há indícios de ameaças adicionais ao público.Elon Musk, CEO da Tesla e conselheiro do presidente Donald Trump, reagiu com indignação. “Esse nível de violência é insano e profundamente errado”, escreveu no X, rede social da qual ele é dono desde 2022. O governador de Nevada, Joe Lombardo, também condenou o ataque, chamando-o em uma publicação no X de “desprezível” e prometendo rigor na punição dos responsáveis.O ataque em Las Vegas não foi o primeiro. Na noite de segunda-feira (17), dois Cybertrucks da Tesla pegaram fogo em uma concessionária em Kansas City, Missouri. De acordo com a Fox News, o Corpo de Bombeiros local teve que ser acionado para conter o incêndio. Já em San Diego, uma concessionária foi vandalizada com suásticas e palavrões pichados, dias após um protesto organizado por ativistas locais, de acordo com a imprensa norte-americana.Os ataques coincidem com o envolvimento de Musk no governo Trump, onde ele lidera o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), que foca em cortes drásticos em programas federais. Desde que assumiu o cargo, concessionárias, veículos e estações de carregamento da Tesla têm sido alvos de protestos, vandalismo e incêndios criminosos. Em Tigard, Oregon, uma outra concessionária foi atingida por mais de uma dúzia de tiros, enquanto em Dedham, Massachusetts, três Teslas foram vandalizados, com pneus furados e pichações. Ambos os casos ocorreram na semana passada.A procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, classificou a onda de violência como “nada menos que terrorismo doméstico”. Em comunicado, ela disse que o Departamento de Justiça já indiciou suspeitos em casos similares, com penas mínimas obrigatórias de cinco anos. “Continuaremos investigando e impondo consequências severas, inclusive contra quem coordena e financia esses crimes nos bastidores”, declarou Bondi, segundo a emissora ABC News.As autoridades ainda não confirmaram motivações políticas claras, mas a proximidade de Musk com o governo Trump é uma das hipóteses levantadas. “Eu faço produtos que as pessoas amam e nunca machuquei ninguém. Por que o ódio e a violência?”, questionou Musk no X, sugerindo que os ataques seriam uma reação à sua influência.O tesoureiro do estado de Illinois, Michael Frerichs, afirmou que os protestos e a queda nas ações podem estar relacionados ao tempo de Musk no DOGE, sugerindo que sua atuação no governo tem sido “uma distração para a empresa e um problema para a marca”.A onda de violência também coincide com um momento delicado para a Tesla no mercado financeiro. Segundo a ABC News, as ações da empresa caíram quase 48% apenas nestes primeiros três meses do ano.A pressão sobre a Tesla se reflete ainda nas decisões internas. De acordo com a ABC, nas últimas semanas, quatro altos executivos da companhia venderam US$ 100 milhões (cerca de R$ 567 milhões) em ações, conforme registros da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA.