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ONU afirma que Al Shebab fatura R$ 70 milhões ao ano com negócios ilegais na Somália

Representante da ONU no país confirmou hoje que rede terroristas tem braços internacionais

Internacional|Do R7

O representante especial da ONU para a Somália, Nicholas Kay, disse nesta terça-feira (24) que a Al Shebab, a milícia que realizou um ataque a um centro comercial em Nairóbi, conta com uma rede de conexões de alcance internacional porque é vinculada com a Al Qaeda e grupos extremistas do Quênia.

"Na minha opinião, Al Shebab tem uma rede de conexões que incluem a Al Qaeda e grupos no Quênia em uma trama além da fronteira na qual vários grupos se sobrepõem, operam juntos e se apoiam uns nos outros, tecnicamente e em termos pessoal", comentou em entrevista coletiva em Genebra.

Kay confessou que não ficou surpreso pelo ataque em Nairóbi devido ao fato de a Al Shebab "estar ameaçando e perpetrando ataques em pequena escala no Quênia há algum tempo".

O representante comentou que nos três meses que está residindo em Mogadíscio, como chefe da ONU na Somália, a própria organização sofreu ataques da Al Shebab — uma milícia islamita radical originária deste país —, de natureza similar a que está em Nairóbi.


Kay sustentou também que, segundo a informação com a qual conta, a Al Shebab gera seus próprios recursos, através de quotas impostas e do comércio ilegal.

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O grupo islamita controla pelo menos três pequenos portos no litoral somali, desde onde realiza operações de importação e exportação, especialmente de carvão vegetal, e que gerariam renda de R$ 77 milhões (US$ 35 milhões) ao ano.


No entanto, o representante da ONU disse que um ataque contra um centro comercial não necessariamente requer muito dinheiro.

— O problema da Somália e de Al Shebab não está em um cantinho isolado na África, mas terá um impacto regional e internacional se não for resolvido.

Segundo o representante da ONU, a comunidade internacional deve entender a conveniência de realizar "um investimento extra" na Somália, o que considerou "pequeno" se comparar com o gasto em outros contextos de conflito, como o Afeganistão, Iraque ou Mali.

Os esforços devem ser redobrados no âmbito político, mas sobretudo no militar, no qual as carências são alarmantes, com a Missão da União Africana na Somália que, apesar ter quase completo o contingente de soldados aprovados — cerca de 17 mil — carece de equipamento essencial.

"Não tem por exemplo nenhum helicóptero militar para atuar em um país que é do tamanho do Afeganistão", revelou Kay, que também disse que são necessários veículos armados.

Kay comentou que acredita-se que a Al Shebab seria formado por aproximadamente 5.000 milicianos, embora tenha enfatizado as dificuldades que existem para fazer uma avaliação confiável a este respeito.

O representante lembrou que, em qualquer caso, não todos os membros do grupo extremista estão "firmemente comprometidos ideologicamente".

Muitos são jovens que se incorporaram a suas fileiras pela falta de oportunidades e que, portanto, são suscetíveis de ser recuperados pela sociedade através de programas de desmobilização e reintegração.

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