Presidentes ucraniano e russo acertam cessar-fogo
Acordo foi feito na véspera de a União Europeia aprovar mais sanções contra a Rússia
Internacional|Do R7, com Agência Brasil e EFE
Os chefes de Estado da Ucrânia e da Rússia acertaram hoje (3) um cessar-fogo permanente no Leste da Ucrânia, anunciou o presidente Petro Poroshenko, após conversa com Vladimir Putin.
“O presidente ucraniano discutiu com o presidente russo um cessar-fogo total (...). Eles acordaram um cessar-fogo em Donbass", área de minas no Leste da Ucrânia, que inclui as regiões de Donetsk e Lugansk, onde têm atuado os separatistas.
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De acordo com comunicado divulgado no portal oficial da Presidência ucraniana, foi “alcançado um entendimento sobre os passos a seguir para ajudar a restabelecer a paz”.
Momentos antes, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que os dois presidentes tinham trocado opiniões sobre o que fazer, “em primeiro lugar, para acabar, o quanto antes, com o derramamento de sangue”.Peskov garantiu que os dois presidentes partilhavam, “em grande medida”, os pontos de vista para sair da “grave situação”.
O anúncio do cessar-fogo ocorreu paralelamente a uma operação bem-sucedida das milícias pró-russas no Leste da Ucrânia e que, em pouco mais de uma semana, conseguiu recuperar dezenas de localidades que estavam sob controle de Kiev.
O acordo surgiu na véspera de a União Europeia aprovar mais sanções contra a Rússia devido à sua intervenção na Ucrânia.
Após o comunicado de Kiev, a bolsa de Moscou reagiu imediatamente e registrou alta de 4,5% no seu índice de referência, o RTS, enquanto o rublo, que tinha chegado a mínimos históricos esta semana, valorizou em relação às principais moedas internacionais.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta quarta-feira que o acordo para um cessar-fogo na Ucrânia "é uma oportunidade", mas somente se a Rússia e os rebeldes apoiarem a trégua. "É uma oportunidade. Agora, veremos se se confirma", disse Obama em entrevista coletiva em Tallinn, capital da Estônia.
O presidente pediu para a Rússia deixar de "financiar, armar e treinar" os milicianos separatistas no leste da Ucrânia. Obama lembrou que em ocasiões anteriores a Rússia "não foi séria ou tentou aparentar que não controlava os separatistas".
"Não pode haver um acordo político se a Rússia seguir enviando tanques e instrutores para a Ucrânia", afirmou. Obama acrescentou que a Rússia, além de apoiar com armamento os separatistas ucranianos, enviou tropas para o país vizinho. A Ucrânia acusou na semana passada Moscou de "agressão direta" no Conselho de Segurança da ONU.
"O que vemos é agressão e a apelação para ânimos nacionalistas, que demonstraram ser historicamente muito perigosa na Europa", disse Obama.
O governante opinou que a estratégia ocidental de pressionar o Kremlin com sanções "teve um efeito real na Rússia". "Os resultados são que a economia russa está se contraindo e há fuga de capitais", disse.
Obama afirmou que os Estados Unidos preferem uma Rússia "cooperativa, que respeite as leis internacionais" focada em desenvolver sua economia.
O chefe de Estado deu entrevista ao lado do presidente estoniano, Toomas Ilves, que pediu a presença permanente da Otan em seu país.
Mais tarde, Obama se reunirá novamente com Ilves mais os presidentes da Lituânia, Dalia Grybauskaite, e da Letônia, Andris Berzins. Os três países bálticos, assim como a Polônia, pediram um aumento da presença militar da Otan em seus respectivos territórios devido ao conflito na Ucrânia.