Um dos mais eminentes representantes da diplomacia em Israel, Ron Prosor, 57 anos, disse nesta quarta-feira (30) que a atual turbulência existente no mundo, principalmente entre países do Oriente Médio, pode ser uma oportunidade para Israel ser visto de uma maneira mais positiva no cenário internacional e contribuir para um diálogo entre as nações. — Minha estratégia foi mostrar como era Israel sobre um outro ângulo. É isso que temos de fazer: transmitir ao mundo o que é Israel. Estamos tentando defender nossos cidadãos de um lado, e não exagerar nas reações de outro. De 2011 a 2015, Prosor ocupou o cargo de embaixador de Israel na ONU (Organização das Nações Unidas). Em 2005, o diplomata supervisionou a retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza. Ele chegou ao Brasil nesta quarta (30) e participou de evento fechado, organizado pelo Fundo Comunitário judaico, no clube A Hebraica, no qual o R7 esteve presente. Segundo representantes da comunidade, ele ficará no País somente até esta quinta-feira (31). — Quando os riscos são altos, se procurarmos bem, poderemos escolher boas oportunidades. Grande parte do mundo está sob pressão e ameaçada por terroristas. A Educação é algo importante (no sentido de passar informações consideradas coerentes sobre Israel) e às vezes nos esquecemos disso.Discurso de embaixador sobre Estado Palestino permanece como referência para a diplomacia O ex-embaixador afirmou que o atual cenário bastante conturbado, em que grupos terroristas de um lado — responsáveis por atrocidades e ataques a vários Estados da região como da Síria, Líbia, e parte do Iraque e do Iêmen — e do outro a disputa entre países como Arábia Saudita (predominantemente sunita) e Irã (predominantemente xiita) trazem tensões, riscos, mas também oportunidades de aberturas e diálogos para a paz. Prosor falou para uma plateia exclusiva que lotou o teatro do clube. Na ocasião, ele deixou claro que acredita que muitas disputas no Oriente Médio, antes aparentemente esquecidas, estão vindo à tona neste momento conturbado.Relações com a comunidade O ex-embaixador não mencionou as relações entre Israel e Brasil — ambos os países vivem um momento de desentendimento diplomático, com a recusa brasileira em acatar a nomeação do argentino naturalizado israelense, Dani Dayan, para embaixador no País. Após alguns meses de impasse, Dayan foi designado para ser o cônsul israelense em Nova York nesta semana. Em relação ao Brasil, Prosor preferiu falar sobre a importância da comunidade judaica do País, em declaração após a palestra. — A união das comunidades judaicas na diáspora (fora de Israel) é importante, porque é uma maneira de colocar Israel ao lado dessas pessoas nesses países. Com discurso bem-humorado, o ex-embaixador — que, entre outros cargos, já foi Diretor Geral do Ministério das Relações Exteriores de Israel (2004-2007) — falou sobre sua atuação na ONU. Ele não deixou de criticar a postura de grande parte dos países do bloco, que costumam votar sistematicamente contra Israel — apesar de, pessoalmente, manterem um bom relacionamento com ele. Prosor chama isso de "uma espécie de radar formal", que obriga os países a adotarem tal discurso — mas que, saindo deste radar, Israel pode mostrar sua verdadeira face. — Temos de fazer coisas que nos conectem à família das nações. Um exemplo foi a resolução (elaborada por Israel) sobre o empreendimento. Vários países que não votam a favor de Israel foram favoráveis a iniciativas como o apoio à energia solar. A Tanzânia, por exemplo, nos apoiou. E assim acontece com várias iniciativas de Israel na África. Isso mostra que quando nos veem fora desse “radar” nos respeitam. No momento em que Israel toca o ser humano, ele é o nosso maior embaixador. Ao elogiar o desenvolvimento obtido pelo país nos últimos 67 anos ("não exportamos agora maçãs e sim tecnologia para a Apple”), Prosor também ressaltou — sempre com um estilo brincalhão — que vários países que antes criticavam rígidas posturas de segurança de Israel agora estão agindo da mesma maneira, para a própria proteção contra o terrorismo. — São democracias (como a França e Inglaterra) que agora começam a se defender. Sobre sua atuação na ONU, ele destacou que procurou encarar todas as adversidades com uma dose de descontração, para que o diálogo pudesse ficar mais fluente com os demais representantes. Agora desligando-se da carreira diplomática, Prosor se dedicará à chefia da cátedra de Relações Internacionais do IDC de Herzlya (Interdisciplinary Center of Herlzya) em Israel, e seguirá ministrando palestras pelo mundo, segundo organizadores do evento.Confira o R7 Play e assista à programação da RecordVeja um dos discursos do ex-embaixador Ron Prosor enquanto ainda representava Isarel na ONU: