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Refugiados organizam quinta edição da sua própria Copa no Brasil

Projeto organizado por e para refugiados usa o fascínio pelo futebol em favor da integração entre os povos e ajuda no combate à xenofobia

Internacional|Beatriz Sanz, do R7

Torcida no estádio na Copa dos Refugiados de 2017
Torcida no estádio na Copa dos Refugiados de 2017 Torcida no estádio na Copa dos Refugiados de 2017

"Duas ideias mexem muito com o coração: o amor e o futebol", diz Abdulbaset Jarour, refugiado sírio que vive no Brasil e, este ano, é responsável por realizar o evento que une as duas ideias citadas por ele. Não, não se trata do torneio internacional que inicia na Rússia em duas semanas. Rour é o coordenador da quinta edição da Copa dos Refugiados, evento que começa sábado (2), com a etapa de Porto Alegre.

O campeonato dos refugiados nasceu da comoção pela Copa do Mundo do Brasil. Em 2014, a ONG África do Coração viu na mobilização de atenções em torno do evento a oportunidade para promover a união de refugiados que viviam no Brasil com a maior paixão nacional: o futebol.

Assim nasceu a Copa dos Refugiados, um torneio envolvendo seleções de diversos países formadas por refugiados que vivem no Brasil.

O torneio, que contou com a participação de 16 times em 2014, foi totalmente planejado e executado pelos próprios refugiados.

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Mas diferente do evento da Fifa que ocorre de quatro em quatro anos, a Copa dos Refugiados continuou sendo realizada anualmente. Não só: conseguiu aumentar de tamanho em relação ao público e às seleções participantes.

"Tentamos chamar a atenção da sociedade e da mídia para mostrar que somos seres humanos e temos direitos", diz Abdulbaset Jarour.

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Na edição do ano passado, houve até álbum de figurinhas. Este ano, a ideia é repetir a iniciativa.

Integração e sorteio

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Segundo Jean Katumba, presidente da ONG África do Coração e idealizador do projeto, a ideia era ajudar na integração entre refugiados que vieram do mesmo país, passando por situações semelhantes, e também entre refugiados e brasileiros.

As pessoas que se inscrevem para participar deixam nome e nacionalidade. Depois disto, os times são formados por pessoas da mesma nacionalidade.

Katumba lembra como foi a experiência da primeira copa, realizada apenas em São Paulo. "Quando eles se encontraram, jogadores do mesmo país, de outras partes do mesmo país, nós falamos: 'Agora vocês são um time. Treinem juntos, preparem o time." E foi o que aconteceu.

Seleção da Nigéria foi a campeã em 2017
Seleção da Nigéria foi a campeã em 2017 Seleção da Nigéria foi a campeã em 2017

A organização do evento também treinou junta e preparou o evento para crescer. No ano passado, foi realizada a primeira edição além estado de São Paulo. A Arena do Grêmio abriu a porta para os refugiados e a final da edição 2017 da Copa dos Refugiados aconteceu em gramado gaúcho.

Etapas em Porto Alegre, São Paulo e Rio

Em 2018, a promessa é de que a Copa dos Refugiados seja ainda maior. Acontecerão rodadas separadas em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro. São jogadores de 27 nacionalidades diferentes.

A ideia de expandir o evento futebolístico para outras cidades surgiu entre os próprios refugiados. "É um jeito de mostrar que o problema do refúgio não está só em São Paulo, está também no Rio de Janeiro, em Porto Alegre, na Alemanha, na Argentina, em todo lugar. Então precisamos quebrar o preconceito, a discriminação e a xenofobia”, destaca Katumba.

Posteriormente, os próprios governos municipais começaram a buscar a organização da Copa dos Refugiados para se tornarem cidades-sede do torneio.

Os jogos em Porto Alegre acontecem neste fim de semana, nos dias 2 e 3 de junho. Em São Paulo, a bola rola em dois finais de semana, nos dias 14,15, 21 e 22 de julho. Já no Rio de Janeiro, que sedia o evento pela primeira vez, os jogos vão acontecer nos dias 4 e 5 de agosto.

Ao final, os times vencedores das três rodadas se juntarão com um time misto de jogadores de outras seleções que foram desclassificadas durante o torneio e se enfrentarão em uma grande final, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, nos dias 29 e 30 de setembro.

Projetos sociais

A Copa dos Refugiados vai muito além das quatro linhas. "A Copa dos Refugiados não é jogo pelo jogo", relata Abdulbaset Jarour. "Nós usamos a linguagem universal do futebol para alcançar nossos objetivos."

Antes mesmo dos sorteios dos jogos, acontecem palestras e cafés para os refugiados. Existem atividades em separado que acontecem também com foco na mulher refugiada e nas crianças.

"No mundo inteiro existe o machismo, então nós queremos que a mulher refugiada também seja integrada para mostrar que ela também está viva e que ela pode", conta Rour.

Além disso, a renda arrecadada com o evento é revertida para projetos que apoiam os refugiados.

Para assistir aos jogos em Porto Alegre, por exemplo, os torcedores terão que desembolsar R$ 10,00. O ingresso dá direito a assistir dois dias de jogos.

Esse dinheiro será enviado para o Projeto Tupiniquês, que dá aulas sobre cultura e língua brasileira para que os refugiados consigam se inserir na sociedade e buscar melhores oportunidades de trabalho.

A Acnur, Agência de Refugiados da ONU, atua como parceira institucional do evento desde a primeira edição, em 2014.

Miguel Pachioni, porta-voz da Acnur do Brasil, elogia o trabalho feito pela ONG África do Coração, evidenciando que a questão da equidade de gênero é uma bandeira forte na organização. Além disso, ele destaca que o mais importante é que "a Copa é um projeto de refugiados, com refugiados e para refugiados".

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