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Tensão permanente e incerteza: como é a vida na principal fronteira do México com os EUA

Milhares de migrantes latino-americanos se arriscam todos os dias para tentar alcançar a cidade de Eagle Pass, no Texas 

Internacional|Do R7

Pisar em solo americano foi momento de alívio para família de migrantes venezuelanos
Pisar em solo americano foi momento de alívio para família de migrantes venezuelanos

Com milhares de migrantes que chegam diariamente, a fronteira dos Estados Unidos com o México vive momentos de tensão e emoções marcados pela determinação de quem busca viver o sonho americano sem visto.

Na cidade de Eagle Pass, no estado do Texas, o sol mal nascia no domingo (24) quando dezenas de migrantes já lutavam na água para resgatar Olga, de 1 ano, e sua mãe, que foram atingidas por uma correnteza no meio do caminho.

Os migrantes haviam juntado seus cintos para usá-los como corda, mas a corrente de água os rompeu. O resgate foi feito pelos próprios migrantes, que se mobilizaram enquanto a pequena Olga chorava e os militares na costa americana observavam.

A onda de aplausos e alívio ao chegarem ao solo logo foi sucedida por um último obstáculo: um emaranhado de arame farpado que as autoridades do Texas reforçam diariamente e que impede a passagem em regiões como esta, que não possui muros, ao longo dos mais de 3.000 quilômetros de fronteira. Voltar não é uma opção, então os migrantes seguem o caminho. 


Arame farpado

Mais abaixo, Yonder Urbina, que salvou Olga, e seu primo, Oskeivys González, encontraram uma parede de contêineres, que escalaram para chegar aos EUA. Enquanto a patrulha da fronteira resgatava o restante do grupo preso na água, outros na orla de Piedras Negras começaram a cruzar até o lado americano da costa.

Após os momentos de tensão no rio, onde os agentes comumente intervêm com um barco salva-vidas, centenas de pessoas se reuniram em frente à intimidante parede de arame farpado.


Quando a sensação términa ultrapassou os 40ºC, a patrulha da fronteira precisou cortar parte desse arame para resgatar os migrantes da temperatura insuportável. "Só queremos pegar nossos filhos e seguir em frente", disse a venezuelana Yusmayra Pirel, de 38 anos.

A maioria dos migrantes estava apenas com a roupa do corpo, seus celulares danificados pela travessia, documentos e dados de seus familiares nos EUA.


Ana Hernández pediu água para derramar na cabeça de seu bebê de 10 meses. "Eles queriam roubar nossos bebês de um supermercado [no México], então corremos", disse ela.

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Após o meio-dia, quando mais de 300 pessoas já haviam atravessado, outra mãe com três filhos chegou à costa americana. Seus filhos ficaram feridos ao passarem pelo arame farpado à beira do rio Grande, mas foram resgatados pela patrulha.

"Graças a Deus conseguimos", disse o venezuelano Leonel Fernández. Enquanto os militares da Operação Lone Star — lançada pelo governador do Texas, Greg Abbott — cobriam os buracos da grade de arame farpado com fios novos, mais migrantes continuavam a entrar no rio. 

"Este é um lugar quente. Hoje foi tenso, mas para nós é mais um dia na fronteira", admitiu um dos agentes.

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