Tragédia síria já contabiliza mais de 200 mil mortes, segundo ativistas
Internacional|Do R7
Susana Samhan. Beirute, 2 dez (EFE).- Mais de 200 mil pessoas morreram na Síria, segundo confirmaram ativistas nesta terça-feira, em uma guerra civil com implicações regionais, sem sinais de acabar no curto prazo e que se transformou no conflito mais mortífero deste século. O Observatório Sírio de Direitos Humanos corroborou o anúncio feito em outubro pelo alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, que antecipou que as baixas na guerra passavam as 200 mil, sem dar detalhes. A ONG detalhou que pelo menos 202.354 pessoas morreram e mais de um milhão e meio ficaram feridas desde que começou a contabilizar as vítimas, em 18 de março de 2011, até ontem, 1º de dezembro. Dos mortos, pelo menos 63.072 eram civis, entre eles 10.377 menores de idade e 6.603 mulheres. Entre os lados em conflito, o que sofreu maiores perdas é o regime, com 76.223 mortos: 44.237 eram membros das forças regulares, 29.974 milicianos civis pró-governo, 624 integrantes do grupo xiita libanês Hezbollah e 2.388 militantes de organizações xiitas estrangeiras. No lado opositor, pelo menos 37.324 combatentes de facções rebeldes morreram, entre os quais havia 2.486 desertores das forças governamentais. Além disso, pelo menos 22.624 militantes estrangeiros de grupos jihadistas como a Frente al Nusra - filial da Al Qaeda na Síria -, o Estado Islâmico (EI) e as Brigadas Jund al-Aqsa morreram no conflito. Entre eles, há americanos, australianos, europeus, asiáticos e árabes. Além disso, entre os mortos no conflito sírio há pelo menos 3.111 pessoas de identidade desconhecida. O Observatório, com sede no Reino Unido, depende de uma rede de ativistas no terreno que lhe proporciona informação, que por sua vez é cruzada com os dados de hospitais e os vídeos filmados por opositores. Para documentar as vítimas nas fileiras governistas entra em contato com médicos de centros médicos militares, ativistas alauitas - credo ao qual pertence o presidente sírio, Bashar al Assad - e fontes oficiais. Esta ONG está contando os mortos e feridos desde o início do conflito, que começou como uma série de protestos populares contra o regime de Assad e que derivou em uma guerra civil com repercussões regionais. Como revelam as estatísticas do Observatório, neste país não só combatem sírios partidários do regime e da oposição, já que ambos lados recebem respaldo de outros Estados. As autoridades contam com o apoio no terreno de milicianos do Hezbollah, de iranianos e de xiitas de outros países. No lado contrário, o panorama se complica porque os opositores estão divididos e, dependendo do grupo de que se trate, estão respaldados por países como Estados Unidos, Catar e Turquia, que em nenhum caso enviaram tropas à Síria. No entanto, a este país chegaram milhares de estrangeiros, tanto árabes como de outros países, que se uniram na maioria das ocasiões a organizações jihadistas como a Frente al Nusra e o Estado Islâmico. Este último grupo proclamou no final de junho na Síria e no Iraque um califado - no território sírio, o EI enfrenta tanto as forças governamentais como as facções insurgentes e a Frente al Nusra. A expansão do EI pôs em alerta à comunidade internacional, que, liderada pelos EUA, está bombardeando, desde agosto no Iraque e desde setembro na Síria, posições dos jihadistas em uma tentativa de conter seu avanço. Perante esta situação, é complicado vislumbrar uma saída ao conflito, onde por enquanto os esforços negociadores estão paralisados, apesar de o novo enviado especial da ONU, Staffan de Mistura, ter colocado um novo plano sobre a mesa, que a oposição já rejeitou. Enquanto isso, a guerra síria soma a cada dia novas vítimas, que a transformaram na mais sangrenta deste século, já que ultrapassa as 162 mil baixas registradas no Iraque desde a invasão das tropas americanas até sua retirada em dezembro de 2011, segundo a organização Iraq Body Count. No Afeganistão não há uma estimativa total desde o começo do conflito em 2001, já que diferentes grupos oferecem dados anuais, embora nem sempre desde o início da guerra. O último relatório da missão da ONU no Afeganistão (Unama), que começou a documentar os mortos no país asiático em 2007, calcula que pelo menos 17.500 civis morreram desde esse ano até 2013. EFE ssa/rsd