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Turquia prende 9 suspeitos de atentado de Reyhanli, Síria desmente envolvimento

Internacional|Do R7

Nove pessoas foram detidas neste domingo na Turquia após o duplo atentado com carro-bomba que deixou 46 mortos no sábado em Reyhanli (sul), perto da fronteira com a Síria, cuja responsabilidade Ancara atribuiu ao regime de Damasco, que negou qualquer envolvimento no ataque.

Um dia após o ataque que causou preocupação de que o conflito se espalhasse, o vice-primeiro-ministro turco Besir Ataly anunciou que os nove suspeitos, todos de nacionalidade síria, pertencem a "uma organização terrorista em contato com os serviços de inteligência sírios" e acrescentou que alguns deles confessaram.

O ministro do Interior turco, Muamer Guler, já havia assegurado previamente que os autores do duplo atentado estavam vinculados a "organizações que apoiam o regime sírio e os serviços de informação".

Este domingo, Guler se negou a dar mais detalhes sobre a identidade dos suspeitos, mas disse que as autoridades conhecem "seus nomes e atividades" assim como seus "contatos estreitos com o regime sírio".


"Identificamos os organizadores, os que realizaram o reconhecimento, os que colocaram os veículos", declarou.

Em uma coletiva de imprensa com seu homólogo alemão Guido Westerwelle em Berlim, o chefe da diplomacia turca, Ahmet Davutoglu, responsabilizou "uma organização marxista diretamente ligada ao regime" de Damasco pelos ataques.


Vários jornais turcos falam neste domingo da pista de um grupo clandestino turco de esquerda, os Acilciler, e de seu chefe Mirac Ural, como possíveis responsáveis pelo atentado, e que teriam atuado a favor do regime de Damasco.

Além disso, Davutoglu criticou a comunidade internacional por seu silêncio sobre a situação na Síria, uma atitude que teria dado lugar ao "ato de terrorismo bárbaro" de sábado.


Guler disse que o objetivo dos autores do ataque "é provocar tensões entre as pessoas que vivem aqui (em Reyhanli) e os que estão abrigados", em referência aos muitos refugiados sírios que fogem da guerra em seu país.

Em um comício em Istambul, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, também acusou o regime de Damasco que estaria tentando levar a Turquia a um "cenário de catástrofe" e pediu à população para "ser vigilante e manter a calma diante de cada provocação cujo objetivo é arrastar a Turquia ao conflito sírio".

O governo sírio, por sua vez, negou seu envolvimento no atentado.

"A Síria não cometeu nem cometerá jamais um ato assim porque nossos valores não permitem", disse o ministro sírio da Informação, Omran Al-Zohbi, em uma coletiva de imprensa transmitida na televisão pública em resposta às acusações turcas.

"É Erdogan que deve responder sobre este ato (...) Ele e seu partido assumem a responsabilidade direta", acrescentou Zohbi, que chamou o primeiro-ministro turco de "assassino".

Críticas crescentes

A principal integrante da oposição síria também responsabilizou o regime de Bashar al-Assad pelos atentados. "O Conselho Nacional Sírio condena os covardes crimes realizados por colaboradores do regime sírio na cidade turca de Reynhali", disse em um comunicado.

O duplo atentado de Reyhanli é o ataque mais sangrento registrado na Turquia em anos e, em particular, desde o início do conflito na vizinha Síria, em março de 2011.

O governo turco, antigo aliado de Damasco, apoia agora a oposição e os rebeldes que enfrentam Bashar al-Assad.

As críticas eram crescentes entre a oposição e a imprensa turca em relação ao apoio de Ancara à rebelião síria e à acolhida de refugiados sírios, que somam 400.000 atualmente na Turquia.

"A Turquia parece afundar no pântano sírio (...) há meses se converteu em parte desta guerra civil ao apoiar diretamente a oposição", escreve neste domingo o editorialista Can Dundar no jornal Milliyet.

Já o chefe da oposição social-democrata, Kemal Kiliçdaroglu, pediu ao governo que "revise sua política estrangeira".

bur-nc/plh/meb/jo/ma/mv

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