Vítimas do maior esquema de pirâmide da história conseguem reaver o equivalente a R$ 20 bilhões
Autoridades americanas já devolveram valores que representam 91% da quantia investida por 40,8 mil pessoas em todo o mundo
Internacional|Do R7
O DOJ (Departamento de Justiça dos EUA) anunciou nesta semana a devolução de um nono lote de valores às vítimas do maior esquema de pirâmide financeira da história, orquestrado pelo investidor Bernie Madoff. Segundo o comunicado, pagamentos no valor total de US$ 158,9 milhões (R$ 785 milhões, na cotação atual) serão enviados a 24,8 mil pessoas lesadas em todo o mundo.
Com mais esses pagamentos, chega a US$ 4,2 bilhões (R$ 20 bilhões) o total já devolvido a 40,8 mil vítimas, como compensação pelas perdas sofridas no esquema fraudulento da BLMIS (Bernard L. Madoff Investment Securities), empresa que Madoff usou durante anos em seu esquema de pirâmide.
O golpe foi denunciado em Nova York em 2009, sendo descrito como "um dos crimes financeiros mais produtivos da história americana".
As vítimas eram as mais diversas, desde ricos e aposentados que investiram todas as economias até instituições de caridade e fundos de pensão.
"O impacto financeiro sobre aqueles que confiaram seu dinheiro a Madoff foi devastador, e os esforços sem precedentes deste escritório para devolver dinheiro às vítimas de Madoff resultaram agora na recuperação de 91% das perdas por fraude para seus legítimos proprietários", disse a procuradora interina Nicole Argentieri, da Divisão Criminal do Departamento de Justiça.
Bernie Madoff, cuja história criminosa virou até filme, declarou-se culpado de 11 crimes federais, em março de 2009. No mesmo ano, foi condenado a 150 anos de prisão. Ele morreu em uma unidade prisional na Carolina do Norte em abril de 2021, aos 82 anos.
Desde a descoberta do esquema de pirâmide, autoridades americanas começaram a confiscar ativos da família Madoff e de pessoas e empresas associadas ao negócio criminoso.
Do espólio dele, foram apreendidos cerca de US$ 2,2 bilhões (R$ 10,9 bilhões). Um acordo com o banco J.P. Morgan Chase — utilizado por Madoff para gerir o esquema — recuperou US$ 1,7 bilhão (R$ 8,4 bilhões).
"Os fundos restantes foram arrecadados por meio de uma ação de confisco civil contra o investidor Carl Shapiro e sua família, e por meio de ações de confisco civil e criminal contra Madoff, Peter B. Madoff e seus coconspiradores", diz o DOJ em comunicado.
Como funciona o esquema de pirâmide
Esse tipo de fraude consiste no recrutamento de pessoas para investir dinheiro, com a promessa de lucros significativos.
A estrutura é chamada de pirâmide porque são recrutados cada vez mais novos membros, formando camadas ou níveis, e os ganhos de novos investidores são usados para remunerar os investidores mais antigos.
O problema central é que não há atividade econômica legítima que sustente os ganhos prometidos; em vez disso, o dinheiro dos novos participantes é utilizado para pagar os antigos, criando uma ilusão de lucratividade.
Quando a entrada de novos investidores diminui, o esquema entra em colapso, o que deixa a maioria dos participantes sem nenhum retorno financeiro, resultando em prejuízos significativos para aqueles que entraram mais tarde no esquema.
Esquemas de pirâmide são ilegais em muitos países, inclusive no Brasil, devido à sua natureza fraudulenta e insustentável.