Duas décadas após a aposentadoria do jato Concorde, a companhia Boom Supersonic busca reviver os voos comerciais supersônicos com o jato Overture. Recentemente, a empresa realizou testes com o protótipo XB-1, marcando um avanço na tentativa de reduzir o tempo de viagem entre Londres e Nova York para três horas e 30 minutos. Hoje, o trajeto é feito em aproximadamente oito horas. Fundada em 2014, a Boom Supersonic iniciou o projeto do Overture em 2016. O jato está sendo projetado para operar a velocidades de Mach 1.7 (2.082 km/h), mais rápido que os aviões comerciais convencionais, e sem o uso de pós-combustão, reduzindo ruído e consumo de combustível.Em janeiro de 2025, o XB-1 realizou testes para avaliar a viabilidade da tecnologia. Segundo a Boom, os ensaios confirmaram que a aeronave pode quebrar a barreira do som sem um estrondo audível, fator que pode viabilizar voos supersônicos sobre terras habitadas, ampliando as possibilidades de rotas.Contudo, a Boom Supersonic enfrenta desafios significativos, incluindo certificação regulatória e o desenvolvimento do motor Symphony, que será produzido internamente. O motor promete eficiência aprimorada, mas a empresa precisará superar dificuldades técnicas e financeiras para concluí-lo.A Boom afirma ter 130 pedidos de aeronaves de companhias aéreas consolidadas, com um mercado potencial de mil unidades. O custo inicial das passagens é estimado em US$ 5.000 (cerca de R$ 30 mil), significativamente menor que os valores ajustados pela inflação do Concorde.Especialistas em aviação apontam que o sucesso do Overture dependerá da viabilidade econômica e da capacidade da Boom de captar recursos. A empresa estima que os primeiros voos comerciais possam ocorrer até o final da década, mas a história da aviação supersônica indica que o caminho até lá será desafiador.O Overture é considerado o sucessor do Concorde, que foi desenvolvido em parceria entre Reino Unido e França, operando entre 1976 e 2003. A aeronave reduzia o tempo de viagens transatlânticas para cerca de três horas, mas sofreu com altos custos operacionais, consumo elevado de combustível, restrições de voo sobre áreas habitadas devido ao estrondo sônico e a queda na demanda após um acidente fatal em 2000. O programa do Concorde foi encerrado por inviabilidade econômica.