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Caos urbano pode favorecer ataques de abelhas, avaliam especialistas

Pesquisadores recomendam como a população deve agir em caso de contato com colmeias ou quando for vítima de picadas

Minas Gerais|Priscilla de Paula, da Record TV Minas

Abelhas estão cada vez mais presentes no meio urbano
Abelhas estão cada vez mais presentes no meio urbano

Uma onda de ataques de abelhas em Belo Horizonte acendeu o alerta para os cuidados com estes insetos. Os animais são importantes para a preservação do meio ambiente e não devem ser exterminados. Especialistas explicam o que a população pode fazer para evitar picadas que podem levar à morte.

“As abelhas estão vindo mais para o meio urbano, porque a gente está tirando os lugares em que elas estão. Quando elas não têm mais de onde tirar o néctar, elas vêm para o perímetro urbano acreditando que aqui é uma área de território delas também”, explica a bióloga botânica Fernanda Raggi.

Com a presença mais comum de abelhas na cidade, os ataques também têm se tornado mais recorrentes, como os que aconteceram recentemente na capital mineira. No dia 9 de março, uma mulher se deparou com um enxame, no bairro Serra, na região centro-sul de BH. A família contou que ela sofreu mais de 1.000 picadas.

As abelhas estavam perto de uma árvore. A vítima só foi retirada do local depois que um homem conseguiu se aproximar com uma tocha, usando panos para se proteger.


Oito dias depois, dez pedestres foram também foram atacados no bairro Carlos Prates, na região noroeste de BH. Três deles precisaram ser socorridos pelo SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Bombeiros paramentados usaram um jato d´água para dispersar o enxame, que também estava concentrado numa árvore.

“Barulho brusco, sirene, cachorro latindo... Isso modifica a estabilidade da colmeia”, explica a biológica sobre a possível motivação dos ataques.


O uso de jatos d´água é uma das técnicas dos bombeiros para afastar os insetos. O aspirador de pó também pode ser utilizado para fazer a captura da abelha rainha. “A preservação do meio ambiente é sempre prioridade, então, a gente prioriza a captura. Se não for viável naquele momento e oferecer risco à vida, aí é feito extermínio se não houver possibilidade de captura”, explicou a especialista. 

Espécies diferentes


As abelhas que são vistas em Belo Horizonte são de diferentes espécies. Algumas são conhecidas por produzirem mel e viverem em colônias, com uma organização hierárquica muito bem definida, tendo a rainha, machos férteis e milhares de operárias fêmeas, responsáveis pela defesa da colônia.

Nessa espécie de abelha, quando se pica alguém, as primeiras liberam um hormônio que atrai outras para o mesmo alvo. Por isso, uma mesma pessoa pode levar centenas de picadas.

"É importante saber que, se a pessoa matar esse indivíduo, isso vai desencadear um sinal de alerta na colmeia que está mais próxima e todas [as abelhas] vêm atacar", explica a pesquisadora da Funed (Fundação Ezequiel Dias), Paula Calaça.

Em 2022, quase 140 vítimas de ataques de abelhas foram atendidas no Hospital João 23, em Belo Horizonte. Delas, 18 ficaram em estado grave mas, felizmente, ninguém morreu. A intoxicação varia dependendo da quantidade de veneno e da reação alérgica de cada pessoa. Ainda não há soro específico para tratar picadas de abelhas. Em um momento de ataque de abelhas, mesmo sendo poucas picadas, é essencial procurar um Centro de Saúde. 

No Brasil, há mais de 400 espécies de abelhas sociais (que fazem colônia), mas que são inofensivas. A espécie Arapuá, conhecida também como abelha-cachorro, famosa por 'enroscar' em fios de cabelo, é uma delas. Ela se protege de uma forma diferente, sem ferroar o predador.

O mais indicado, no entanto, é não se aproximar das abelhas. "Elas não devem ser eliminadas em função da importância que têm como polinizadoras de árvores nativas. As abelhas não devem ser tratadas como animais perigosos. Quando ver uma colmeia, não mexa", sugere Paula Calaça.

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