Carroceiros de Belo Horizonte fizeram um protesto na manhã desta quarta-feira (16) contra a aprovação de um projeto de lei que proíbe carroças com tração animal na capital mineira. Os trabalhadores do setor temem ficar sem a principal fonte de renda de suas famílias. De acordo com a Associação dos Carroceiros de Belo Horizonte e Região Metropolitana, cerca de 10 mil profissionais serão impactados, caso a lei seja sancionada pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD). O presidente da associação, Sebastião Alves de Lima, promete mobilizar os carroceiros. — Nós pretendemos mobilizar e buscar os meios possíveis para impedir que esse projeto tenha continuidade.De geração em geração O trabalho de carroceiro costuma ser passado de pai para filho. Esse é o caso, inclusive, do presidente da associação dos carroceiros, que trabalha há quase 50 anos na área e não terminou seus estudos. Isso o impediria de trocar a tração animal por um veículo, como prevê o projeto aprovado pela Câmara Municipal de Belo Horizonte. — Eu nunca dirigi um veículo na vida. Só cavalo e bicicleta. Com a pouca escolaridade que a maioria dos carroceiros tem, fica difícil tirar uma carteira de habilitação e dar continuidade ao nosso trabalho, que é digno. O projeto de lei, apelidado de “Carroça do Bem”, dá um prazo de 10 anos para que os carroceiros troquem a tração animal por veículos motorizados. Após o prazo, o carroceiro que for flagrado utilizando cavalos será multado e o animal, apreendido. O carroceiro André de Oliveira conta que não sabe o que vai fazer da vida caso isso realmente aconteça nos próximos anos. — Eu fico preocupado. Se eu for tirado da rua, como eu irei fazer para trabalhar, levar o alimento para dentro de casa?Entenda a proposta O projeto de lei 142/17 foi aprovado em definitivo pela Câmara Municipal de Belo Horizonte na terça-feira (15), quase quatro anos após a votação em primeiro turno. O projeto havia sido apresentado pelo então vereador Osvaldo Lopes (PSD), que atualmente é deputado estadual. A PL 142/2017 prevê que todos os carroceiros da cidade sejam identificados e cadastrados, assim como os animais utilizados, que serão microchipados e vão passar também por exames de saúde. O carroceiro também terá que assinar um termo se responsabilizando pela guarda do animal. Após o fim do prazo legal de 10 anos para que os carroceiros deixem de usar tração animal, os trabalhadores poderão ser multados. Os animais recolhidos serão levados ao Centro de Controle de Zoonoses e, posteriormente, serão disponibilizados para adoção. Inicialmente, o texto previa que a Prefeitura de Belo Horizonte deveria oferecer subsídios para que os carroceiros comprassem motos que seriam utilizadas nas caçambas, mas essa parte foi retirada do projeto.