O medo do rompimento de uma barragem de 75 metros, classificada como de alto risco, atingir a cidade histórica de Congonhas, a 75 km de Belo Horizonte, mobiliza moradores e a prefeitura do município. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente informou que vai multar a mineradora CSN por descumprimento de medidas de segurança da estrutura Casa de Pedra. A população pede providências dos órgãos públicos com a apreensão de viver um pesadelo semelhante a Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, que matou 84 pessoas e deixou outras 276 desaparecidas. Em uma reunião realizada na noite desta terça-feira (29), com presença do prefeito Zelinho de Freitas e do Ministério Público, os moradores de bairros vizinhos à barragem acordaram que irão encaminhar reivindicações à mineradora pedindo mais segurança. O diretor da Unaccon (União de Associações Comunitárias de Congonhas), Sandoval de Souza Pinto Filho, afirma que o maior fator de risco é o posicionamento geográfico da barragem e a forma de ampliação que a estrutura recebeu ao longo dos anos. Segundo ele, são centenas de casas ao redor da estrutura. — Estamos acima de Jeceaba, Moeda, Belo Vale. Um problema numa barragem dessas seria um desastre pior que Brumadinho, se é que tem como comparar tragédias. Mas aqui, temos 55 mil pessoas na cidade. Com um patrimônio histórico importante que abriga as esculturas dos profetas de Aleijadinho, o Ministério Público acompanha de perto os desdobramentos de ações e licenciamento da Casa de Pedra. O promotor de Meio Ambiente de Congonhas, Vinicius Galvão, informou que desde 2013, após a primeira denúncia de falha na estrutura, o órgão atua com perícias e laudos de acompanhamento. — Fizemos outra perícia também em 2017, depois que uma pessoa tirou foto de uma rachadura e a situação foi solucionada. Coincidentemente, no dia 24 de janeiro passado, fizemos outro estudo e aguardamos o resultado. Esse trabalho tem que ser feito sempre. Segundo Galvão, não há motivos para a população ficar alarmada, já que o MP sempre trabalhou e acompanhou de perto a estrutura na cidade. De acordo com ele, uma recomendação ao prefeito foi feita para que o município use o recurso do CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais), para contratar profissionais independentes em universidades que possam fazer trabalhos permanentes de acompanhamento e análise da barragem. — O dinheiro não é pouco, são 3,5% do lucro da exploração. É só ligar o dinheiro da prefeitura com profissionais especializados. Porque o governo não tem condição de fiscalizar como se deve. A Prefeitura informou, por meio de nota, que está do lado da população e vai cobrar mais energicamente ações de segurança da CSN Mineração. Procurada pelo R7, a CSN informou que ainda não vai se posicionar sobre o assunto.