Rogério Botelho Parra, piloto e professor de Engenharia Aeronáutica, considera que a investigações sobre os dois aviões que caíram em Belo Horizonte e na região metropolitana da capital, no último sábado (11), precisam levar em consideração o fator material e humano. Sobre o acidente da aeronave que caiu no bairro Jardim Montanhês, na região noroeste de Belo Horizonte, próximo ao Aeroporto Carlos Prates, o especialista acredita que o motor pode ter engasgado durante o voo. “O avião veio de uma descida longa, pode ter tido gelo no carburador. Além disso, na hora que ele puxou a manete para diminuir a rotação do motor para pousar, o motor pode ter engasgado e parado”, explicou Parra. Para o especialista, o clima no dia do acidente pode ter influenciado. “O dia estava quente e úmido, e isso gera pouca força para puxar o avião para cima, que a gente chama de sustentação”, disse o professor. Na aeronave, estava um homem de 65 anos, que morreu, e a filha dele, que está internada em estado grave no hospital João 23, no centro de BH. Além da inspeção sobre as condições da aeronave, o fator humano também deve ser analisado. “A primeira pergunta que eles vão fazer é: quem estava pilotando o avião era realmente o dono, ou era a filha? Ele tem experiência para pousar em Belo Horizonte? Não é um aeroporto simples. O Carlos Prates tem uma série de prédios em volta”, diz Rogério. No entanto, o acidente próximo ao aeroporto não foi o único. Ainda no sábado (11), uma outra aeronave precisou fazer um pouso forçado em Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte. As 6 pessoas que estavam a bordo não ficaram feridas. “O piloto fez muito bem. Ele viu que a potência do motor caiu, cortou o motor e acionou o paraquedas”, explicou o professor de Engenharia Aeronáutica. Além disso, Rogério acredita que é preciso analisar o motivo da perda de potência da aeronave. “Talvez o avião estivesse no final de uma subida, quando se exige muito do motor e o motor perdeu a potência. Pode ter sido combustível sujo, água no combustível, alguma coisa aconteceu, não é usual isso”, afirma o especialista.Outros acidentes em Minas Gerais De acordo com o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), ligado à Força Aérea Brasileira (FAB), foram 9 acidentes aéreos na regional noroeste de BH em 10 anos. Na região, há o Aeroporto Carlos Prates, localizado no meio da cidade e próximo a casas e comércios. Há anos a existência do aeroporto incomoda e gera tensão em pessoas que moram próximas ao local. Um avião de pequeno porte caiu em um barranco ao lado do aeroporto também em um sábado, no dia 23 de Maio de 2020. Segundo o Corpo de Bombeiros, o avião monomotor do modelo Cesna tinha acabado de iniciar a decolagem, quando houve uma pane mecânica e ele caiu em uma mata ao lado da pista. Duas pessoas estavam no veículo e não se feriram. Além deste, um avião de pequeno porte caiu sobre carros no dia 21 de outubro de 2019, na esquina das ruas Minerva e Rosinha Sigaud, no bairro Caiçara Adelaide, na região noroeste de Belo Horizonte, e deixou três pessoas mortas e outras três feridas. A aeronave partiu do Aeroporto Carlos Prates com destino a Ilhéus, na Bahia. Outro acidente foi com uma aeronave de pequeno porte, de modelo francês Socata ST-10 Diplomate, com capacidade para quatro lugares, que caiu entre as ruas Minerva e Nadir, no bairro Caiçara, na região noroeste da capital mineira, e deixou uma vítima fatal, o médico Francisco Gontijo, de 45 anos, que era dono da aeronave, no dia 13 de abril de 2019. O Corpo de Bombeiros foi ao local e constatou que o corpo foi completamente carbonizado após a explosão com a queda. *Estagiário sob supervisão de Maria Luiza Reis