Médico fica tetraplégico e precisa de ajuda para não abandonar profissão
Homem sofreu acidente no último ano da faculdade e irmão já não pode mais ajudá-lo
Minas Gerais|Do R7
O dr. Emanuel de Oliveira, de 28 anos, é um médico um pouco diferente. O homem sofreu um acidente em 2010, enquanto cursava o último ano da faculdade de medicina, que o deixou tetraplégico. Após o trauma, decidiu que mesmo assim não abandonaria o caminho que escolheu.
Segundo o residente Saulo Rosa Ferreira, amigo de Oliveira, que possui um problema de visão e enxerga muito pouco com apenas um dos olhos, são poucos portadores de necessidades especiais que conseguem chegar à faculdade.
— Infelizmente, na universidade, existem muito poucos deficientes. Poucos são os que conseguem vencer a barreira do ensino básico. Os que conseguem, ainda têm que passar por um vestibular muito pouco acessível e que não está preocupado em incluir.
De acordo com paciente e professora Adriana Silva, as limitações não prejudicam o trabalho de Oliveira.
— Eu não tenho nem palavras para descrever, sinceramente. Ele é um médico completo.
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O médico conseguiu adaptar uma espuma na caneta, para conseguir ter mais firmeza na mão para escrever e conta com a ajuda dos pacientes para pegar os prontuários. Ele está fazendo o segundo ano de residência em psiquiatria.
— Se trata de uma especialidade que eu consigo adaptar à minha limitação física, sendo que tem interferência mínima no exame completo do paciente.
Acidente
De acordo com Oliveira, o acidente que o colocou na cadeira de rodas aconteceu na BR-381, entre Lavras e Perdões.
— Eu tinha acabado de sair do plantão de clínica médica, na Santa Casa, e peguei a BR-381, em direção a São Paulo. Entre Lavras e Perdões eu cochilei no volante e capotei o carro.
O médico ficou 60 dias em coma e, depois de cinco meses, foi levado para a casa dos pais, em Campos Gerais. Durante o tratamento de reabilitação, no Hospital Sarah Kubitschek, ele foi incentivado a voltar aos estudos.
— Em um belo dia, eu cheguei em casa motivado, por causa do hospital. Eu falei com meu irmão que o Sarah queria que eu voltasse para estudar e ele falou que me ajudava.
Oliveira precisa da família para praticamente tudo. O irmão, Jeferson de Oliveira, conta que largou tudo para ajudá-lo.
— Pela vontade dele de querer formar, ele perguntou se eu o acompanhava para terminar o curso. Por não ter condição de pagar um cuidador, eu larguei tudo e fui acompanhar ele.
Dr. Emanuel cumpre uma carga de 60 horas semanais no HC (Hospital das Clinas) da UFMG. Após o expediente, o irmão o ajuda a organizar a mesa e o acompanha até o carro da família. A rotina se repete diversas vezes por dia e gerou preocupação na família. Com o esforço repetitivo, Jeferson desenvolveu uma lesão grave no braço.
— Um belo dia eu cheguei aqui e minha mãe me chamou, falou: “Emanuel, olha o Joferson. Ele não conseguiu descascar uma laranja”. Ai eu fui ver, ele estava com uma fraqueza muscular forte e muita dor.
Os médicos do irmão pediram urgentemente que ele evitasse fazer esforço. Ainda falta um ano para Oliveira se formar e ele pede ajuda.
Carro adaptado
Para continuar a rotina e poder cuidar do irmão, Oliveira precisa de um carro adaptado, onde conseguirá se locomover sem exigir muito do irmão.
— Não tanto pelo veículo, por ter o auxilio do governo para pessoas com deficiência, que ajuda com um desconto importante no IPI e no IPVA. Agora a adaptação custa R$ 30 mil, é o preço do automóvel.
Sendo de origem simples, a família do dr. Emanuel já o auxilia como pode. O médico recebe uma bolsa de R$ 2000 para se dedicar à residência, mas precisa de ajuda para adaptar o veículo da família.
— Eu me formei com bolsas de estudo. No momento, é inviável conseguir o veículo.