Promotoria recomenda evitar contato com o rio
Leonardo Merçon/Instituto Último RefúgioEstudo comprova contaminação da lama de resíduos
MPMG / ReproduçãoA contaminação da lama no rio Doce por metais pesados pode colocar em risco quem tiver contato direto com a água. Por outro lado, as estações de tratamento de Governador Valadares têm dado conta de tratar o recurso para consumo. Estas são as conclusões do Ministério Público, que teve acesso a relatório da Comissão Técnica Científica da Universidade Federal de Juiz de Fora – Campus Governador Valadares e divulgou os resultados nesta terça-feira (1º).
As amostras de água e sedimentos que se romperam da barragem da Samarco foram coletadas em 19 e 20 de novembro no rio e nas ETAs (Estações de Tratamento de Água) Centro e Santa Rita. Nas amostras do rio Doce, os elementos químicos chumbo, cromo e manganês estão entre duas e 15 vezes acima do permitido.
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O parecer conclui que as amostras coletadas nas estações são seguras para consumo humano - ou seja, o tratamento é capaz de baixar a concentração de elementos tóxicos.
No documento, os professores Ângelo Márcio Leite Denadai e Heder José Ribeiro, da UFJF, assinalam que é arriscado "o uso da água do rio para atividades como consumo, preparação de alimentos, irrigação e alimentação animal" por causa da concentração de metais pesados.
As amostras de sedimentos analisadas pelos pesquisadores mostraram, ainda, concentrações de alumínio, bário, cobre, chumbo, cromo, ferro, magnésio, manganês, níquel, vanádio e zinco. Alertam os professores: "recomenda-se atenção especial para a presença destes elementos, em especial berílio, chumbo e cromo. Pelos valores encontrados, aconselha-se cuidado com o contato direto com a lama do fundo do rio".
Resposta da Samarco
Depois de negar por três semanas que havia metais pesados na lama, a Samarco passou a adotar resposta semelhante à da Vale. Em comunicado divulgado nesta terça-feira (1º), a mineradora afirma que "metais que estavam no fundo do rio movimentaram-se e vieram à superfície", mas não estão "reagindo com a água e nem alterando as condições de neutralidade do rio". Por isso, segundo a Samarco, "o material sedimentado no Rio Doce não apresenta perigo para o meio ambiente" e "a tendência é que haja uma queda nesses índices com o tempo, após a passagem da pluma".