Revoltados com a comida servida, que estaria azeda e com cacos de vidros, além da falta de água, presos colocaram fogo em colchões e roupas, na noite desta quarta-feira (13), no Ceresp (Centro de Remanejamento de Presos) Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. De dentro das celas, os próprios detentos filmaram o protesto e compartilharam as imagens em redes sociais. Não houve feridos, mas os presos disseram que vão ordenar a queima de ônibus como forma de retaliação. Por meio de nota, a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) informou que o ato foi "uma situação de subversão da ordem na unidade" e que não chegou ao ponto de um motim nem rebelião. A Secretaria informou que os presos jogaram as peças de roupas e colchões com fogo nos corredores entre as celas de uma das alas, mas que os policiais penais rapidamente controlaram as chamas. A direção do Ceresp Betim vai realizar um procedimento de investigação interna para apurar como tudo aconteceu.Reclamações Nos vídeos compartilhados pelos presos, eles reclamam que muitos cortaram a boca com os cacos de vidro na comida. Além disso, dizem estar sem água e que estariam passando necessidades por conta da onda de calor. "Estamos sofrendo represálias. Não tem água na cadeia. A comida está vindo com caco de vidro. Covardia com o preso. A partir de agora mandamos colocar fogo em ônibus, sabendo que a população não tem nada a ver com isso, mas é a única forma de chamar a atenção", informou um dos detentos, no vídeo compartilhado. Sobre a reclamação da alimentação, a Secretaria reconheceu que a comida não estava com a devida qualidade. "Algumas refeições servidas no jantar apresentavam irregularidade, o que teria causado a ação dos presos. A situação foi resolvida com a empresa fornecedora da alimentação, e as refeições foram substituídas", informou a nota. A Sejusp informou ainda que, "quando há detecção de situações de descumprimento da garantia da qualidade prevista em contrato, imediatos procedimentos administrativos são realizados, que podem resultar em multas e até mesmo a perda de contrato por parte da empresa executora. Por força de contrato, quando a direção da unidade prisional identifica algo que torne a alimentação imprópria para consumo, a empresa fornecedora é notificada e realiza a pronta substituição, sem ônus para o Estado", completou. Quanto ao uso de celulares dentro da unidade, o jornalismo da RECORD ainda aguarda uma resposta da Sejusp, assim como sobre a reclamação dos presos da falta de água e de maus-tratos por parte de policiais penais.