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‘Pude provar que falei a verdade’, diz mulher que teve compressa esquecida no corpo após cirurgia

Decisão judicial condenou o médico e o plano de saúde; o juiz determinou o pagamento de uma indenização de R$ 50 mil

Minas Gerais|Lucas Eugênio e Kiuane Rodrigues, da RECORD MINAS

A empresária Samira Andrade será indenizada em R$ 50 mil
A empresária Samira Andrade será indenizada em R$ 50 mil Reprodução/Record Minas

Depois de cinco anos, uma empresária de Belo Horizonte respira aliviada com a condenação de um médico que esqueceu dentro dela uma compressa cirúrgica. O erro aconteceu durante a retirada de nódulos mamários, devido a um tratamento contra câncer enfrentado pela paciente. O juiz também responsabilizou o plano de saúde pelo caso. Na decisão, o magistrado determinou o pagamento de uma indenização de R$ 50 mil.

“Para mim foi um alívio, uma tranquilidade. Eu pude provar que eu estava falando a verdade. Na audiência, o doutor assumiu que ele retirou uma compressa de 45 centímetros de dentro de mim, que estava alojada há oito meses”, detalha Samira Andrade.

A empresária foi diagnosticada com câncer de mama aos 37 anos, em agosto de 2018. O tratamento, com procedimentos radioterápico e quimioterápico, foi finalizado em março de 2019. No mês seguinte, ela fez uma cirurgia para retirada dos nódulos e inserção de expansor nas duas mamas. O instrumento é semelhante a uma prótese.

Segundo a vítima, oito meses depois do procedimento, ela continuava com dores no local da cirurgia, infecções e a ferida ainda não havia cicatrizado. Durante o banho, ela percebeu uma compressa cirúrgica saindo no local da incisão.


Ao identificar o objeto, Samira procurou o médico. De acordo com o processo, “sem qualquer aviso, qualquer sedação, qualquer anestesia, qualquer procedimento, minimamente, seguro, arrancou-lhe, com uma pinça, uma compressa, que esteve esquecida em sua cavidade axilar, desde a primeira cirurgia, por oito meses.”

A empresária denunciou o caso à polícia em 2020. Desde então, um inquérito está aberto para investigar o erro. Na época, ela também entrou com uma ação judicial contra o médico. “Foi um processo doloroso, fiquei com o psicológico abalado. Foram cinco anos de luta para, agora, sair a sentença”, explica.


Na decisão, o juiz considerou que o mastologista Lúcio Mário de Rezende foi extremamente negligente ao deixar a gaze no corpo da paciente durante a cirurgia. O plano de saúde também foi condenado, já que o caso aconteceu nas dependências da empresa.

Samira pretende recorrer da decisão. “O valor foi muito pouco, ele [juiz] não julgou pelo ato da retirada do câncer”, detalhou. Apesar disso, a empresária sente aliviada, com a sensação de que a justiça foi feita.

Durante o processo, Samira engravidou e teve um filho, que está com quatro anos. “Ele me deu outro sentido pra viver. Tinha outra pessoa precisando de mim. Então, quando eu soube da gravidez, foi felicidade total. Alguém precisava de mim”, contou. A empresária vive sem sequelas após o caso.

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