Sem água há uma semana, Colatina (ES) vive caos com rio Doce tomado pela lama
Moradores reclamam que ações da Samarco são insuficientes para abastecimento
Minas Gerais|Enzo Menezes, do R7, em Belo Horizonte
Sem distribuição há cinco dias, a população de Colatina (ES) vive momentos de desespero em busca de água potável. O fornecimento do recurso foi interrompido no dia 17 de novembro por causa da chegada da lama da barragem da Samarco, que percorreu 450 km e chegou ao mar no sábado (21). A cidade tem 120 mil habitantes e depende do rio Doce, que foi invadido pela enxurrada tóxica que matou milhares de peixes e soterrou nascentes.
A prefeitura de Colatina recebe há uma semana doações de água mineral e tenta distribuir as garrafas com a ajuda do Exército, da Polícia Militar e da Defesa Civil, mas a cena mais comum é o tumulto que se forma ao redor dos caminhões. A Samarco entregou um plano de apoio emergencial e garante já ter fornecido pelo menos 51 milhões de litros por meio de caminhões-pipa à cidade, mas a quantidade tem sido insuficiente.
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Pelo Facebook, a Prefeitura de Colatina divulgou 16 pontos para distribuição de água, mas o que se vê nos comentários é o desespero da população sem acesso ao recurso há uma semana. Moradores dos bairros Alto Vila Nova, São Vicente, São Miguel, Antônio Damiano, São Saviano, São Pedro, Columbia e Santos Dumont relatam que as torneiras estão secas e não têm recebido apoio.
— Começou a chegar hoje de manhã, mas não deu nem tempo de encher um balde. Estamos há cinco dias sem água nas caixas no bairro são Pedro - protestou uma moradora.
A crítica é comum:
— O bairro Alto Vila Nova não existe para a prefeitura? Aqui estamos sem a caixa dágua e sem distribuição de água mineral", reclamou outra jovem.
Para tentar minimizar a destruição, o Exército instalou 25 caixas em bairros da cidade. A Samarco forneceu 30 toneladas de Tanfloc, produto usado em Governador Valadares para tratamento da água, e perfurou seis poços em Colatina para captação de água em fontes alternativas.
A lama chegou ao litoral na noite de sábado (21) 16 dias depois de destruir distritos de Mariana, na região central de Minas, cortar o Vale do Rio Doce e atravessar o nordeste do Espírito Santo. São pelo menos oito mortos, quatro corpos à espera de identificação e 11 desaparecidos em Minas.