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Senador e deputado batem boca sobre criação de CPI da mineração

Janones (Avante-MG)  insinuou que Carlos Viana (PSD-MG) teria recebido doação de campanha de fundo de investimento ligado a mineradoras

Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7

Políticos discutem em Brasília (DF)
Políticos discutem em Brasília (DF) Políticos discutem em Brasília (DF)

A conversa sobre a criação de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para tratar dos assuntos de mineração no país terminou em bate-boca entre o senador Carlos Viana (PSD-MG) e o deputado federal André Janones (Avante-MG), em Brasília, nesta terça-feira (26).

Durante o encontro, Janones insinuou que Viana teria relação com empresas de mineração, devido a uma doação que o político recebeu durante a campanha de 2018. Conforme levantado pelo R7, o empresário Luis Fernando Franceschini da Rosa, sócio e diretor da Biogold Investment Fund, que é um fundo de investimentos em mineração, fez um repasse de R$ 100 mil.

Após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Carlos Viana propôs a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Senado para apurar os problemas causados pela mineração no Estado. A Câmara de Deputados também protocolou um pedido.

Assista ao vídeo:

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Um vídeo gravado no Senado mostra um grupo de deputados tratando das investigações com o senador mineiro, nesta terça-feira. Segundo Janones, ele e os outros parlamentares foram propor a Viana a criação da CPMI — que junta deputados e senadores na mesma investigação — em vez de duas CPIs.

Em resposta, o senador disse que levaria a proposta aos demais senadores para que pudessem tomar a decisão em conjunto, mas alertou que a CPMI seria um processo mais lento. “As pautas são diferentes, o tempo de cada um é diferente e acabada gerando problema”.

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Neste momento, Janones afirma que a opinião de Viana iria se sobressair em relação à dos demais senadores, já que a decisão estaria nas mãos dele. O deputado reclama para a necessidade de “resultados concretos” e diz para o senador se preparar para “o desgaste de imagem”.

Viana questiona o motivo do desgaste e Janones afirma que é o da divulgação de que a campanha do senador recebeu doação de um executivo de uma empresa de mineração.

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Os parlamentares se exaltam e trocam farpas. Na gravação, Janone grita “não aponte o dedo para mim”. Enquanto Viana se defende: “não me ameace”. O tumulto foi controlado por outros legisladores e o grupo deixou o local sem um acordo.

Versões

Procurado pelo R7, o deputado federal André Janones disse que foi até o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), propor a investigação conjunta que seria mais econômica e viável do que a realização de dois processos. Na ocasião, Alcolumbre teria dito que o assunto deveria ser negociado com Viana, que lidera a abertura da CPI na Casa.

Ainda segundo o deputado, ao procurar Viana, o senador se esquivou de dar uma parecer ágil sobre o assunto e se exaltou quando ouviu falar das doações ligadas à área de mineração.

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A reportagem tentou contato com Viana, mas o político estava em reunião. Segundo a assessoria, o senador decidiu consultar os colegas do legislativo sobre a unificação dos inquéritos, uma vez que a decisão não dependeria só dele. Contudo, a assessoria alega que Janones se exaltou desnecessariamente.

Sobre a doação ligada a empresas de mineração, Viana afirmou que ela foi devidamente declarada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e que “a referida doação foi viabilizada pelo Partido Humanista da Solidariedade (PHS)”, partido do qual se desligou antes de tomar posse.

“Esclareço que nunca me encontrei com o sr. Luis Fernando Franceschini da Rosa, nunca conversei com ele, e que todas as referências dele me foram transmitidas pelos dirigentes do partido ao qual pertenci.”, afirma em nota.

Procurada pelo R7, a Biogold informou que a doação foi feita diretamente pelo diretor Luis Fernando Rosa e que o executivo não tem relação pessoal com o senador. Rosa ressaltou que fez o repasse por admiração ao então candidato e por acreditar nas propostas apresentadas. 

"Contribui para sua campanha quando ele não liderava as pesquisas, mas o fiz porque acompanhava seus programas jornalísticos e sempre me admirei com sua capacidade de mobilizar e motivar as pessoas. Acreditei, portanto, na renovação que ele poderia representar para a política mineira e nacional", esclarece.

A assessoria da empresa destatou, ainda, que a doação não gera conflito de interesses para as atividades de Viana.

Confira a nota do senador Carlos Viana:

“O sr. Luis Fernando Franceschini da Rosa doou R$ 100 (cem mil reais) à minha candidatura, recurso devidamente declarado ao Tribunal Superior Eleitor, com o cumprimento de todos os requisitos legais.

A referida doação foi viabilizada pelo Partido Humanista da Solidariedade (PHS), agremiação da qual me desliguei antes da posse no Senado Federal. O sr. Luis Fernando foi a mim indicado pelo partido como um advogado e professor universitário que tinha interesse em fazer doações a alguns candidatos do PHS. Somente agora tive a informação de que ele é sócio de um fundo de investimentos em mineração.

Esclareço que nunca me encontrei com o sr. Luis Fernando Franceschini da Rosa, nunca conversei com ele, e que todas as referências dele me foram transmitidas pelos dirigentes do partido ao qual pertenci. Entretanto, não tenho conhecimento de qualquer informação que o desabone. Não aceito que se produzam ilações a partir de uma doação absolutamente legal, aprovada pela justiça eleitoral.

Reafirmo o compromisso de trabalhar para que a CPI das Barragens atue de forma transparente, sem qualquer tentativa de espetacularização, ou com interesses que não se relacionem exclusivamente ao propósito de evitar novas tragédias como as que atingiram as cidades de Mariana e Brumadinho”.

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