Em outro texto deste especial do MonitoR7, você já viu o que é a famigerada taxa Selic, a taxa básica de juros da economia. E também como ela influencia todas as outras taxas de juros, como as que você paga ao usar o cheque especial, o rotativo do cartão de crédito ou o crediário das lojas. Se não viu, acesse os links no final desse texto. Agora, vamos entender o impacto prático dos aumentos recentes da taxa Selic e, especialmente, do aumento definido na última reunião, que elevou a taxa para o maior patamar de juros dos últimos quatro anos. A ANEFAC - Associação Nacional de Executivos - que faz pesquisas mensais do quanto os consumidores pagam de juros na "vida real", acompanha os efeitos dos aumentos da Selic sobre as outras taxas de juros da economia. A taxa Selic vem subindo gradualmente desde janeiro, quando estava em 2%. Em novembro, atingiu 7,5%. Foi um aumento de 287,50%. No mesmo período, a taxa média de juros da pessoa física subiu de 92,59% em janeiro para 108,40% em novembro. Uma elevação bem menor que a da Selic(17,08%), mas com forte impacto no orçamento de qualquer pessoa que precise pagar juros em alguma operação. Com o novo aumento da taxa básica definido na última reunião do Copom, que elevou a Selic para os atuais 9,25%, a Anefac estima que o impacto imediato nas taxas ao consumidor não será grande. Porque as taxas atuais já estão muito elevadas. E porque a perspectiva para os próximos meses é de novos aumentos. Jorge Augustowski, vice-presidente de economia e finanças da Anefac, afirma que "há muito desemprego ainda, apesar de uma retomada agora. Isto, junto com a inflação e a diminuição da renda da população, devem fazer a troca de 'lembrancinhas' ser a tônica". Por isso, Papai Noel será mais magro este ano e com presentes mais modestos. Um levantamento da Consultoria Tendências, com base em dados do IBGE, aponta que a renda para consumo da classe C, por exemplo diminuiu quase 10% nos últimos cinco anos. De R$ 286 milhões, em 2016, para R$ 259 milhões em 2021. Sem renda, a alternativa seria apelar para compras parceladas ou para empréstimos, que viabilizem as compras. E aí é que entram os juros mais altos, para dificultar essa alternativa. O Banco Central aumenta a taxa de juros para que se torne mais vantajoso guardar dinheiro(e receber juros) do que gastar(e pagar juros). Se as pessoas gastam menos, reduzem a demanda por produtos e serviços. Com menos demanda, a tendência é de que os preços sejam reduzidos. É assim que o BC usa a Selic para tentar controlar a inflação. O problema é que esse remédio traz também queda nos ganhos das empresas e aumento no desemprego. Quem puder, deveria aproveitar o momento para fazer uma reserva de dinheiro para enfrentar os tempos difíceis previstos ainda para os próximos meses. E usar o aumento dos juros a seu favor, aconselha ainda Jorge Augustowski.