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JP tem 60% dos médicos da PB; interior tem poucos profissionais

JP tem 60% dos médicos da PB; interior tem poucos profissionais

Portal Correio

Portal Correio|Do R7

A pesquisa nacional da Demografia Médica 2018, realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), e divulgada nesta terça-feira (20), mostra que 60% dos médicos em atuação na Paraíba estão em João Pessoa. Os dados apontam que há um médico para 596 paraibanos e um para cada 197 moradores da Capital.

De acordo com a apuração, 6.753 médicos atuam na Paraíba, sendo 4.107 só em João Pessoa, que tem a terceira melhor média do Nordeste e a décima melhor proporção de médicos para habitantes no país, perdendo somente para Recife (PE), 140 pessoas para um médico, e Aracaju (SE), 186 pessoas para um médico.

Dados por estado

Por estado, a Paraíba tem a segunda melhor média do Nordeste de proporção entre população (4.025.558) e médicos (6.753), o que representa 596 pacientes para cada médico atuante no estado. Veja abaixo a proporção por estado nordestino:


Maranhão: 1.148 pacientes para cada médico; Piauí: 834 pacientes para cada médico; Bahia: 740 pacientes para cada médico; Alagoas: 737 pacientes para cada médico; Ceará: 712 pacientes para cada médico; Rio Grande do Norte: 605 pacientes para cada médico; Sergipe: 601 pacientes para cada médico; e Pernambuco: 578 pacientes para cada médico.

Porém, levando em conta a distribuição dos médicos entre capital e interior, a situação dos paraibanos que não moram em João Pessoa é mais difícil, já que cada um dos 2.646 médicos presentes é responsável por atender 1.214 pacientes.


Mesmo assim, nos municípios do interior do Nordeste a Paraíba tem o melhor índice na relação entre médicos por pacientes. Veja abaixo:

Sergipe: 5.233 pacientes para cada médico; Maranhão: 3.451 pacientes para cada médico; Alagoas: 3.272 pacientes para cada médico; Piauí: 2.854 pacientes para cada médico; Ceará: 2.049 pacientes para cada médico; Rio Grande do Norte: 1.667 pacientes para cada médico; Pernambuco: 1.648 pacientes para cada médico; e Bahia: 1.461 pacientes para cada médico.


Brasil

Em pouco menos de cinco décadas, o total de médicos no país aumentou 665%, enquanto a população brasileira cresceu, no mesmo período, 119%. Apesar do salto na quantidade de profissionais, a maioria deles permanece atuando em capitais e grandes centros urbanos, cenário que compromete o atendimento em municípios do interior do país.

De acordo com o estudo, em janeiro deste ano, o Brasil registrou um total de 452.801 médicos – uma média de 2,18 profissionais para cada grupo de mil habitantes. O Sudeste é a região brasileira com maior densidade médica (2,81 profissionais para cada grupo de mil habitantes), contra 1,16 no Norte e 1,41 no Nordeste.

Dados do levantamento demonstram que somente o estado de São Paulo concentra 28% do total de médicos no país. O Distrito Federal, por sua vez, é a unidade federativa com a média mais alta (4,35), seguido pelo Rio de Janeiro (3,55). Já o Maranhão mantém a menor densidade demográfica (0,87), seguido pelo Pará (0,97).

Apesar de a média nacional ter se fixado em 2,18 médicos para cada grupo de mil habitantes, a pesquisa mostra que esse mesmo indicador difere muito de uma região para outra. Apenas no Sudeste, onde moram 41% dos brasileiros, estão concentrados 54% dos médicos. Já o Norte, onde vive 8% da população brasileira, responde por 4% dos profissionais em atuação no Brasil.

Perfil do profissional

A pesquisa aponta que o crescimento no número de médicos vem acompanhado de uma mudança no perfil dos profissionais no que diz respeito à idade e ao gênero, com destaque para o que o relatório chama de feminização e juvenização da categoria.

Os dados mostram que a participação da mulher no contingente de médicos brasileiros é cada vez mais significativa. Atualmente, os homens ainda são maioria entre os profissionais, representando 54,4% do total, enquanto as mulheres somam 45,6%. O sexo feminino já predomina, por exemplo, entre médicos mais jovens, sendo 57,4% no grupo até 29 anos e 53,7% na faixa etária de 30 a 34 anos.

Outra constatação citada pelo levantamento é que a média de idade do conjunto de profissionais em atividade no Brasil tem caído ao longo dos anos. Atualmente, o índice é de 45,4 anos, resultado do aumento da entrada de novos médicos no mercado em razão da abertura de mais cursos de medicina. A média de idade entre os homens é de 47,6 anos e, entre as mulheres, de 42,8 anos.

Especialidades

Quatro especialidades médicas representam 38,4% de todos os médicos titulados no país. Clínica médica aparece em primeiro lugar, com 42.728 titulados ou 11,2% do total, seguida por pediatria, com 39.234 titulados e 10,3% do total; cirurgia geral, com 34.065 titulados e 8,9% do total; e ginecologia e obstetrícia, com 30.415 titulados e 8% do total.

Na sequência de especialidades com mais número de títulos estão anestesiologista (6%); medicina do trabalho (4,2%); ortopedia e traumatologia (4,1%); cardiologia (4,1%); oftalmologia (3,6%); e radiologia e disgnóstico por imagem (3,2%). Essas seis especialidades, somadas à quatro listadas anteriormente, representam 63,6% de todos os títulos.

Na outra ponta, oito especialidades têm menos de mil titulados cada, sendo genética médica a área com menor número: 305 especialistas e 0,1% do total. As demais são radioterapia; cirurgia da mão; medicina legal e perícia médica; medicina esportiva; medicina física e reabilitação; e medicina nuclear, todas com 0,2% do total de titulados; além de cirurgia torácica, com 0,3%.

Um total de 59 áreas de atuação reconhecidas no país e que são derivadas, relacionadas ou ligadas às especialidades em questão não fizeram parte do levantamento.

Má distribuição

Para o presidente da Associação Médica Brasileira, Lincoln Ferreira, o aumento do número de médicos e a má distribuição têm relação direta com o que a abertura de novas escolas e cursos de medicina e com o que ele chama de política de transbordamento. “A vida profissional de um médico é longa. Formar médicos custa muito, mas formar mal custa muito mais caro”, disse.

Já o presidente do Conselho Federal de Medicina, Carlos Vital, avaliou que uma boa distribuição de profissionais depende de estímulo, vontade política e investimento adequado. Ele voltou a cobrar, entre outras medidas, a implementação de uma carreira de Estado para médicos, além de formação adequada de profissionais. “Os desafios estão postos”, disse. “O cuidado de um ser humano vai muito além da técnica”, completou.

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