A Fiat escolheu um carro de grande sucesso na Europa, o 127, para estrear em solo brasileiro. Assim, em 1973 foi confirmada sua produção em Betim/MG o que ocorreu a partir de 1976. O “nosso” 147 era derivado do 127 e no começo o pioneiro foi visto com desconfiança. Em 05 de julho de 1979 o Fiat foi o primeiro veículo em escala comercial a ser lançado com motor a álcool.O carrinho teve o projeto iniciado logo em 1975 quando o governo Militar instituiu em 1975 o programa ProÁlcool (Programa Nacional do Álcool) com incentivos para a produção do etanol a partir da cana-de-açucar. A ideia era reduzir a dependência do petróleo que estava em crise desde 1973 e os preços estavam nas alturas.No Salão do Automóvel de 1976 o primeiro protótipo do carro já estava pronto e foi seguido por muitos testes ao longo dos meses seguintes. Entre eles foi feita uma viagem de 12 dias e 6,8 mil quilômetros pelo país, com média de mais de 500 km diários, três mil quilômetros por terra e variações climáticas superiores a 30 graus.O 147 tinha motor 1050cm3 de 56cv que foi adaptado ao álcool com o mesmo câmbio dê quatro marchas e as mesmas características mecânicas. A suspensão independente nas quatro rodas com feixe de molas traseiro era solução única no Brasil pois a ideia era fazer um carro durável, mas ao mesmo tempo leve e econômico com baixa manutenção.O pequeno Fiat demorou a cair no gosto do consumidor muito acostumado aos Volkswagen refrigerados a ar com desempenho inferior ao ágil Fiat assim como enfrentava a concorrência do Chevrolet Chevette e Ford Corcel. A partir de 1978 as vendas engrenaram e chegava o Fiat 147 Furgoneta e logo depois o Fiat 147 Pick-up (antes de ser City ou Fiorino).O modelo a álcool engrenou na virada dos anos 1980 pois outras marcas passaram a oferecer carros com a mesma opção. Nos testes da época o Fiat era um dos melhores enquanto o Corcel II também recebia bem o combustível vegetal.O Fiat 147 a álcool foi oferecido em todas as versões e acabamentos além das carrocerias pick-up, Furgoneta, depois a perua Panorama, o Spazio e também o sedã compacto Oggi. Até o final da linha do Fiat 147 em 1986 (1987 para o Fiorino), o carro conviveu com versões a álcool que prepararam o caminho para o Fiat Uno e toda a sua família de veículos (Elba, Prêmio e Fiorino).“O Fiat 147 é um ícone que marcou a vida de milhares de brasileiros. Mais do que isso, ele entrou para a história da indústria automotiva ao ser o primeiro modelo com motor a etanol no mundo produzido em série. Seu legado se estende até hoje com a tecnologia dos motores flex, que está presente na maioria da frota brasileira de veículos leves. O etanol se consolidou como protagonista no processo de descarbonização no país por ser um combustível extremamente eficiente em emissões quando considerado o ciclo de vida completo do automóvel”, destaca Alexandre Aquino, vice-presidente da Marca Fiat para a América do Sul.