Nivus x Cruze: por que os SUVs “mataram” os hatches médios?
Versatilidade do Crossover além da posição elevada fazem sucesso de um produto que aposentou quase todos os hatches médios
Autos Carros|Do R7
Talvez uma das principais injustiças do setor automotivo seja a retirada dos hatches médios do mercado. Mas esse movimento é uma resposta à demanda. Em um passado não tão distante contávamos com modelos como Ford Focus, Volkswagen Golf, Fiat Bravo, Peugeot 308, Hyundai i30 entre outros. O que se destacava nos modelos era o acabamento acima da média e a boa dirigibilidade de um automóvel melhor que os compactos. Mas esse segmento encolheu e o portfólio das montadoras foi diminuindo e hatch equipado agora é só baseado nos modelos compactos como VW Polo, Chevrolet Onix, Hyundai HB20, Ford Ka, Fiat Argo, Peugeot 208, Toyota Etios e Yaris e Honda Fit.
No segmento dos hatches apenas o Chevrolet Cruze é fabricado e ainda vende bem pouco. A principal razão para esses modelos sumirem do mercado é a chegada dos SUVs, como Jeep Renegade, Hyundai Creta, Nissan Kicks, Volkswagen T-Cross, Peugeot 2008, Citroën C4 Cactus e novos modelos como o Nivus. Os SUVs apresentam conforto similar aos hatches médios e em alguns casos ainda chegam ao mercado mais equipado custando menos. O R7 Autos Carros colocou o Volkswagen Nivus e o Chevrolet Cruze frente a frente e mostra que apesar dos preços serem similares as diferenças entre eles ainda são grandes.
Nivus: SUV versátil com carroceria esportiva
De um lado temos o Volkswagen Nivus, o mais recente lançamento da Volkswagen. No último mês, o SUV cupê emplacou mais de 3,2 mil unidades, o que mostra o apetite do consumidor por Crossovers.
O Nivus tem visual sóbrio, porém sem perder a elegância e esportividade. A altura um pouco mais elevada em relação ao solo é o que torna o modelo cobiçado pelos consumidores. Um outro ponto positivo para o carro é o tamanho do porta-malas: com 415 litros.
O espaço interno é um outro quesito primordial na hora de escolher entre hatches médios e SUVs. Porém é importante ficar atento. Por ter um tamanho superior aos hatches, os SUVs podem enganar à primeira vista. No caso do Nivus o entre-eixos é de 2,57m, já no caso do Cruze o entre-eixos é de 2,70m. Ou seja, nem sempre o “maior” é o mais espaçoso.
O VW Nivus é equipado com motor 1.0 turbo de 128cv com câmbio manual de seis velocidades. Com o mesmo propulsor usado no Polo Highline, o Nivus se mostra bem disposto no desempenho com consumo contido de combustível o que é um ponto positivo.
Cruze - o último sobrevivente dos hatches médios
Do outro lado temos o Chevrolet Cruze, o último sobrevivente dos hatches deste segmento. Em 2020 o modelo emplacou pouco mais de 2 mil unidades, número bem abaixo do crossover concorrente. A GM relembra que o Cruze hatch "tem seu público" mas os números mostram que ano a ano esse contingente vem diminuindo.
Apesar do número baixo de vendas, o Cruze não deixa de ter atributos positivos. Conta com visual moderno atualizado em 2019. Diferente do Nivus que tem boa altura em relação ao solo, o Cruze apresenta visual mais rebaixado, com rodas maiores (no caso do hatche as rodas são aro 17”). Um ponto que deixa a desejar no carro se formos comparar com o Nivus é o pequeno porta-malas do Cruze, com apenas 290 litros.
O Cruze tem motorização 1.4 turbo de 153cv e também possui câmbio automático de seis velocidades. Seu apetite pela estrada é voraz pois o motor quatro cilindros tem torque, boas retomadas e o equilíbrio do carro satisfaz o gosto mais exigente.
Posição de dirigir
Vamos aos fatos: a posição de dirigir é o que pode ou não decidir a compra de um carro para o outro. Por uma pretensa sensação de segurança o consumidor aprecia o Crossover que sugere maior robustez para transpor buracos e valetas. No entanto, carrocerias elevadas são mais instáveis em alta velocidade. Quem zela por mais esportividade e dirigibilidade além do conforto vai partir para o hatch médio. Porém, cada vez mais as pessoas optam pelo SUV, seja pela posição de dirigir, ou pela conectividade a bordo, item que o Cruze também esbanja, mas não entra na lista de compra da maioria dos consumidores.
O hatch médio é superior em tudo?
Quase tudo. Além do visual parecido com o de um carro compacto o crossover “vende” a ideia de carro mais resistente. No caso do Nivus e do Cruze desconsiderando a versão escolhida o espaço interno será similar e o porta malas do SUV muito maior. Assim, altura elevada, pretensa segurança e maior porta malas tem determinado a escolha dos crossovers.
Pesa a favor do Cruze um acabamento de boa qualidade com painéis com forros costurados, revestimento nas portas, molduras cromadas e outros mimos como banco elétrico, coisa que o Nivus não tem nem mesmo como opção. No caso do Volkswagen a forração idêntica a do Polo, a simplicidade do material empregado e ausência de itens como banco e teto elétricos parecem não fazer falta.
E os preços?
Mais uma razão pela escolha dos SUVs em detrimento dos hatches médios e até mesmo dos sedãs médios.
O Nivus tem duas versões Comfortline com preços a partir de R$ 87.350 e Highline com preços a partir de R$ 99.950. Já o Cruze tem preço inicial de R$ 107.990 e chega até R$ 130.490 como a unidade mostrada nesta reportagem. O veredito? O Cruze tem acabamento superior, nível de equipamentos que satisfaz e desempenho invejável mas não emplaca porque boa parte dos compradores prefere a altura elevada e o maior porta malas de um SUV como o Nivus.
A maioria dos consumidores tem optado por um modelo elevado na posição e na pretensa segurança a bordo pendendo sempre para os SUVs. No entanto, crossovers compactos são simplificados no acabamento para custar menos e todos os modelos deste segmento ficam abaixo do nível de um hatch médio. No fim das contas a montadora prefere vender o SUV equipado que o hatch médio. Os números mostram que cada vez mês produtos como Corolla, Civic e o próprio Cruze ou Jetta vem sucumbindo aos SUVs. O próximo passo é fazer modelos ultracompactos mais “altinhos” como modelos de entrada para matar também os hatches compactos. Mas isso ainda levará um bom tempo para acontecer.
*Por Guilherme Magna e Marcos Camargo Jr.